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Baixa capitalização da banca trava o crescimento estratégico das empresas

Baixa capitalização da banca trava o crescimento estratégico das empresas

Domingos Chambel, vice-presidente da direcção da Nersant, pede ao Governo para que, mesmo que de uma forma indirecta, ajude as empresas a atingir o seu equilíbrio financeiro.

O vice-presidente da direcção da Nersant - Associação Empresarial da Região de Santarém, Domingos Chambel, refere que os empresários portugueses estão tão ocupados a resolver problemas de tesouraria que mal têm tempo para pensar numa estratégia que leve ao crescimento da sua empresa. O discurso, com uma tónica pessimista à semelhança dos restantes, abriu o seminário empresarial “Oportunidades de Negócio e Financiamento à Inovação e Internacionalização - Angola, Brasil e Cabo Verde”, no auditório Nersant, em Torres Novas, na quinta-feira, 22 de Janeiro. “A banca, face ao risco, rejeita o financiamento e aumenta os spreads, para valores quase insuportáveis, quando solicitada para apoiar novos investimentos”, exemplificou.Domingos Chambel começou por fazer um enquadramento da situação actual, considerando que a Nersant, pelo trabalho desenvolvido aos longo dos últimos 20 anos e devido a uma postura política equidistante, já tem legitimidade para comunicar a quem governa o país as situações difíceis de transmitir. “Encontramo-nos com um elevado factor limitativo do investimento, face à deterioração das perspectivas de venda, e uma grande incerteza sobre a rentabilidade dos nossos investimentos”, disse.O dirigente recordou que o financiamento das pequenas e médias empresas (PME) é tradicionalmente feito, na sua maioria, através do sistema financeiro. “A subida das taxas de juro, a diminuição da actividade das empresas, o seu elevado nível de endividamento e as exigências da Basileia II (técnicas de análise e cálculo de risco que os bancos usam) levaram a uma diminuição significativa da concessão do crédito”, aludiu. Domingos Chambel considera mesmo que a falta de capitalização nas empresas portuguesas está na base da sua insuficiência e autonomia financeira.Lançando um repto ao Estado, Domingos Chambel referiu que o mesmo pode ajudar a “financiar indirectamente as empresas” sem injectar dinheiro do seu orçamento, mas adoptando medidas que, a curto ou médio prazo, podem contribuir para o seu equilíbrio financeiro. “Se, por exemplo, reduzisse a carga administrativa e burocrática a que os empresários estão sujeitos no dia-a-dia. actualmente”, indicou. Há 10 anos, exemplificou, uma empresa necessitava de cinco dias úteis para cumprir os seus compromissos administrativos perante o Fisco ou Segurança Social mas, actualmente, necessita de dez dias porque todos os dias ou semanas saem novos regulamentos, decretos-lei, normas de alteração à vida quotidiana e isso “é insuportável”. Outras medidas, para inverter a actual situação, passariam pela criação de um sistema de incentivos ou por criar instrumentos específicos de apoio para projectos de raiz.Domingos Chambel sugeria ainda ao primeiro-ministro, Passos Coelho, para que tirasse algum tempo para analisar o impacto de cada uma das medidas emanadas dos vários ministérios, na economia nacional. “O problema, que agudiza a situação dos empresários, é que todos os ministérios, neste momento, querem brilhar”, referiu. O dirigente empresarial considera que em Portugal, com um défice de 4% ao ano, com 30 mil empresas a fecharem por ano, com uma dívida que ultrapassa os 130% do PIB e com uma taxa de desemprego que anda à volta dos 16 %, só “ uma grande revolução na atitude com os empresários e uma nova ordem económica nos livram de um segundo resgate”.
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