O ensino profissional em Portugal está para durar e as Jornadas de Mecânica da Escola Profissional de Ourém, que integra (a par da Escola de Hotelaria de Fátima) a Insignare - Associação de Ensino e Formação, levou a cabo, pelo segundo ano consecutivo, entre 22 e 24 de Janeiro no Centro de Negócios de Ourém, são um atestado da sua importância. Depois de ter recebido três mil visitas no ano passado, a iniciativa deste ano alargou o seu âmbito de actividade ao sector automóvel, motos e equipamentos agrícolas e industriais, que complementaram as áreas da metalurgia, metalomecânica, serralharia, moldes e plásticos.As jornadas pretenderam ainda ser um ponto de encontro para os profissionais destes diversos sectores de actividade, tendo participado mais de 30 expositores nacionais que apresentaram as últimas novidades em termos de soluções tecnológicas. Os alunos e público em geral também puderam assistir a demonstrações, acompanhadas da explicação sobre o processo. Na sessão de abertura que decorreu no auditório da EPO, Francisco Vieira, director-executivo da Insignare, recordou o “longo e penoso” caminho dos 25 anos desta escola, que incidiu tanto na formação contínua à qualificação e certificação profissional, como na inserção no mercado de trabalho, à participação em projectos internacionais e nas actividades de enriquecimento curricular.Francisco Vieira aludiu ao conceito escola-oficina, bem visível na fachada do edifício da Escola Profissional de Ourém, em que muito acreditam. “Uma escola profissional que centra a sua actividade formativa num ensino de nível IV para garantir o desejado sucesso tem que se assumir como uma escola especializada. Mais do que procurar respostas às necessidades das empresas do território concelhio onde se integra, a EPO tem que garantir, no mínimo, uma formação dos seus alunos para o país”, disse.Convidado de honra nesta sessão, o Secretário de Estado do Ensino Básico e Secundário, Fernando Egídio Reis, natural de Fátima e ex-professor na Escola Secundária de Ourém, sublinhou que “o ensino profissional continua a ser uma aposta” deste Governo que tem que adequar as ofertas formativas às necessidades do mercado de trabalho.Fernando Egídio Reis, que foi convidado a inaugurar o certame de uma forma original, cortando uma “fita” de chapa metálica com uma serra eléctrica, frisou a importância do triângulo aluno, autarquia e empresas no que concerne ao ensino profissional. “Tem que existir uma adequação cada maior entre as ofertas do ensino e as necessidades efectivas dos nossos jovens mas sempre em articulação com as autarquias e as empresas”, disse.Francisco Vieira aproveitou a presença do governante para dar conta da importância de se criarem novas ofertas de formação para acompanhar as novas tendências e “relembrou” que um dos grandes sonhos da Insignare passa pela construção de novas instalações da Escola de Hotelaria de Fátima que, actualmente, funcionam no antigo Seminário dos Monfortinhos, estando “a rebentar pelas costuras” e não conseguindo dar resposta à procura dos jovens da região. “Temos já o terreno comprado e um projecto de arquitectura e engenharia em desenvolvimento. Precisamos do seu apoio para que este sonho seja transformado em realidade”, pediu.José Ribeiro Vieira homenageado a título póstumoTrês anos após a sua morte, a Câmara de Ourém aproveitou a cerimónia de abertura das II Jornadas de Mecânica, para homenagear “de forma clara e inequívoca” o engenheiro José Ribeiro Vieira que, sendo natural de Leiria, sempre tentou ligar o seu concelho ao de Ourém. “Vivemos num tempo sem fronteiras”, justificou Paulo Fonseca, presidente da Câmara de Ourém, salientando que Ribeiro Vieira era uma personalidade “que não era de Leiria mas sim da região e do país” e que, através da sua intervenção cívica, empresarial e pessoal, deu provas de como procurou cultivar uma aproximação entre Ourém e Leiria. A distinção, a título póstuma, foi recebida pelas filhas que agradeceram o gesto.