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Sacos desagradáveis

Num momento de pouca lucidez, num dos últimos sábados, decidi ir a uma grande superfície comprar umas vulgaridades. Não encontrei o que queria e comprei o que não precisava, como quase sempre acontece – fez-se a magia das grandes superfícies.Mas o que foi verdadeiramente bom nesta “aventura” aconteceu na caixa. Em prol do cliente e da rapidez deparei-me com uma inovação: a fila única. Somos desde logo transportados para um ambiente muito mais sofisticado, talvez um aeroporto. Num ecrã, além de outras mensagens sempre interessantes e úteis, surge o número da caixa a que nos devemos dirigir. Para que nada falhe, como nos aeroportos, esse mesmo número é anunciado num altifalante. Quando só queria pagar dois ou três artigos! Confesso que me atrapalhei no meio de tanta tecnologia. Imagine-se alguém com dificuldades auditivas e/ou visuais…? Chegado à caixa 21 tive o tempo suficiente para ver que a operadora me punha as compras num “saco desagradável”; só num segundo momento compreendi que estava a ler mal e que na verdade se tratava de um saco degradável e não desagradável. Em boa verdade, é desagradável, pois já se conseguiu dar a volta à “boa” intenção do Governo em diminuir a utilização de sacos de plástico. Levamos assim mais lixo para casa. Seja como for, a verdadeira questão não está nos sacos de plástico.Todos já reparámos na quantidade de lixo que compramos e levamos para casa. Refiro-me às embalagens, às múltiplas embalagens que muitíssimos produtos têm. Uma patetice adequada a consumidores patetas. Não direi que é aqui que o Governo deve atuar, mas sim todos nós. É o cidadão consumidor que tem o verdadeiro e maior poder: acordemos! e no ato de comprar façamo-lo consciente e responsavelmente, em prol de nós próprios e da comunidade.Mas voltemos à caixa 21, pois o melhor ainda não vos contei. Nesta caixa era possível adquirir um porta sacos; nunca tinha visto tal coisa e percebi, pela atrapalhação da operadora, que era também uma novidade. Sem convicção, fui informado que custava apenas 1 euro. Isto é, por apenas 1 euro podemos adquirir um útil, indispensável e moderno equipamento, também ele de plástico, que nos facilita a vida porque nos ajuda e incentiva a transportar mais lixo para casa. Cumprimos mais uma vez o objetivo da grande superfície, sempre preocupada no bem dos consumidores: levar muitos sacos (desagradáveis) cheios de compras para casa. Estamos pois, como bem sabemos fazer, ao arrepio do interesse do país que quer promover a economia verde.Poderia continuar a multiplicar os exemplos, mas o ponto essencial é este: a nossa sociedade anda de olhos fechados e está convicta que não. Discute a TAP sem saber do que fala e deixa de lado a sua responsabilidade de escolhas conscientes, realizadas no quadro de compromissos coletivos justos e sustentáveis.É assim! Cada um tem o país que faz.Carlos A. Cupeto

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