Em Alverca há uma tuna que prova que velhas são as pautas de música
Seniores fundaram uma tuna que tem merecido elogios dos mais novos
Chamam-se TunAlbirka e cantam como gente nova, para provar que a única coisa velha é só mesmo as pautas das canções. Quando são convidados para actuar com outras tunas académicas são os que arrebatam maiores aplausos.
Se pensava que as tunas eram apenas grupos de estudantes universitários animados pelo álcool reformule o conceito. Em Alverca um grupo de seniores apaixonados por este estilo musical fundou uma tuna em 2012 e desde então não têm parado de sacar aplausos, sorrisos e elogios nos sítios por onde actuam. Chamam-se TunAlbirka e cantam como gente nova, para provar que a única coisa velha só mesmo as pautas das canções. Quando são convidados para actuar com outras tunas académicas são os que arrebatam mais aplausos. Já participaram em festivais de tunas e foram recentemente convidados para um festival na Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa. Completaram recentemente três anos de vida.“Quem quiser que eu cante bem/Dê-me uma pinga de vinho/Que o vinho é coisa boa/Faz o cantar delgadinho”, cantam no Vira do Vinho. E, como manda a tradição, distribuem um Porto para avivar a voz antes do ensaio, no dia em que O MIRANTE falou com o grupo. Depois canta-se à moda da faculdade, mesmo que a maioria nunca tenha passado por lá. Dos 19 membros apenas dois são licenciados.Manuela Fialho, 58 anos, é uma das mentoras do grupo. “Apaixonámo-nos pela música e em particular pela música das tunas académicas. A maioria são homens. Lá por termos esta idade isso não quer dizer que também não façamos umas festas e bebamos um pouco para nos divertirmos, seja aqui ou num restaurante da cidade”, diz com um sorriso. “Somos sempre recebidos com uma grande festa, o nosso espírito é muito alegre e brincalhão e as pessoas gostam. Mesmo os mais novos gostam muito de nós”, revela. Por detrás da música está o lado humano da tuna. O grupo apoia-se mutuamente a enfrentar a vida e a esquecer os problemas do dia-a-dia. “Podemos entrar aborrecidos e cansados, mas quando saímos de um ensaio ou de um concerto vamos novamente divertidos e felizes para casa e isso é o mais importante”, explica Manuela.João Louro, 70 anos, é de Alhandra e apaixonou-se pela tuna e pelo espírito das canções. Aprendeu música sozinho, por tentativa e erro ao longo dos anos, e hoje diz que a idade não conta para nada. “Fui sempre uma pessoa pouco amante de estar nos cafés e nas tabernas, refugio-me muito neste passatempo. Acho que isto é muito bom e pode ajudar a combater algumas das doenças que nos afectam com a idade, como o Alzheimer”, defende.Quando perguntamos se toda a gente toca sóbrio recebemos um divertido “às vezes”, vindo de José Almeida, um dos homens do acordeão. “Isto é tudo malta bacana”, assegura. O mais velho do grupo é José Lopes, tem 80 anos e não hesitou em alinhar na tuna quando ela foi criada. “É muito importante para descomprimir e conviver, a mim ajuda-me imenso na saúde”, conta.Fundada a 25 de Janeiro, a tuna integra alguns elementos de outros dois grupos de música popular portuguesa de Alverca. A primeira actuação da tuna foi a 28 de Abril de 2012 em Alverca. O seu nome deriva de Albirka, tradução árabe da palavra Alverca, que no século VIII era uma zona povoada pelos árabes.No último domingo, no concerto de aniversário, partilharam o palco com a tuna da Universidade Sénior de Ferreira do Zêzere e a Est’eS La Tuna da Escola Superior de Tecnologias da Saúde de Lisboa. As três tunas despediram-se com um tema cantado em conjunto - Amores de estudante - cujo verso final em muito se adaptou à ocasião. “Mocidade, oh mocidade!/Louca, ingénua e generosa/E faminta de ilusão/Que nunca sabe os motivos/De quanto queira o capricho/Ou lhe diga o coração”.
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