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“José Mestre Batista estava para Portugal como os Beatles estavam para Inglaterra”

“José Mestre Batista estava para Portugal como os Beatles estavam para Inglaterra”

Homenagem póstuma a cavaleiro tauromáquico levou muitas figuras da festa brava a Vila Franca de Xira

O salão nobre da Câmara de Vila Franca de Xira foi pequeno para acolher quantos quiseram prestar homenagem póstuma a um dos melhores toureiros portugueses de todos os tempos. Inigualável, cativante, gracioso, com um enorme sentido de humor e um incrível poder de encaixe, foi assim que definiram o artista das arenas que morreu há trinta anos.

Quase uma hora e meia após a hora anunciada, devido ao atraso do jantar inserido na homenagem, que teve lugar no Clube Vilafranquense, foram muitas as figuras do mundo taurino que não quiseram faltar à homenagem póstuma a José Mestre Batista, organizada pelo Clube Taurino Vilafranquense, com o apoio da Câmara de Vila Franca de Xira. A iniciativa decorreu na noite de 23 de Janeiro, a pouco menos de um mês de se assinalarem os 30 anos da morte do cavaleiro tauromáquico, aos 43 anos, vítima de doença. Moderado por Miguel Alvarenga, o colóquio foi presidido pelo presidente da câmara, Alberto Mesquita, e contou na mesa com os cavaleiros Luís Miguel da Veiga - apontado pelo público da altura como o grande rival de José Mestre Batista nas arenas -, Rui Salvador, Frederico Cunha e Emídio Pinto, além daquele que foi o seu bandarilheiro durante largos anos, António Garçoa. Alberto Mesquita frisou que “apesar de Mestre Batista ter nascido no Alentejo, era uma figura vila-franquense do coração, tendo aqui vivido por mais de duas décadas”. O autarca afirmou ainda que “ninguém ficava indiferente à sua arte”. A personalidade forte e fincada de José Mestre Batista foi recordada por Luís Miguel da Veiga. O cavaleiro confessou que sempre teve uma grande admiração por aquele que o público diz ter sido o seu grande rival nas arenas e deixou presente que “se alguma vez houve rivalidade, foi o público que a criou”. Afirma que sempre foram grandes amigos e riam muito juntos. “Tourear com o José Mestre Batista era diferente de todos os outros. Sempre tive muita consideração por todos os meus colegas, mas comecei a tourear com o Batista aos 16 anos de idade e sempre fomos cúmplices, nunca houve uma zanga. Sempre gostei muito dele e é para mim uma enorme saudade”, revelou Luís Miguel da Veiga.“Uma pessoa que fez a diferença”Já Rui Salvador deixou presente que Mestre Batista foi um dos heróis da sua vida. “Foi o meu padrinho de alternativa e isso diz tudo. É um marco da tauromaquia e era um homem extraordinário, cativante, gracioso, com um enorme sentido de humor e um incrível poder de encaixe. Os toureiros que surgem hoje não conseguem perceber a extraordinária figura que este homem foi. Quer gostassem ou não dele, foi uma pessoa que fez a diferença”, frisou.Frederico Cunha disse também que Mestre Batista era o seu ídolo da altura e considerou ter pena que não haja mais Batistas nas arenas portuguesas, para que as praças voltassem a encher, como acontecia nessa época. Emídio Pinto afiançou que “Batista houve só um e mais ninguém como ele irá aparecer”. Deixou uma comparação interessante: “O Batista estava na altura para Portugal como os Beatles estavam para a Inglaterra, porque no mundo dos toiros era a pessoa mais famosa. Tinha uma projecção a nível do povo que mais ninguém conseguiu neste mundo”.Já António Garçoa lembrou diversas situações engraçadas que viveram juntos, inclusive as inúmeras vezes que teve de voltar atrás para buscar o casaco de Mestre Baptista, dado que este era perito em deixá-lo para trás ou esquecê-lo em casa. Na plateia, além da viúva de José Mestre Batista, Emeletina (mais conhecida por Tina), estiveram presentes figuras como os cavaleiros António Ribeiro Telles, Ana Batista ou Paulo Jorge Santos, que foram igualmente convidados a partilhar algumas das histórias vividas com o homenageado.Durante a homenagem assistiu-se ainda ao descerramento de uma placa evocativa do 30º aniversário da morte do cavaleiro na fachada da sede do Clube Taurino.
“José Mestre Batista estava para Portugal como os Beatles estavam para Inglaterra”

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