O Governo está a realizar um “ataque severo” ao ensino artístico e só com muito empenho e dedicação tem sido possível continuar a proporcionar às centenas de jovens que integram a Sociedade Euterpe Alhandrense (SEA) o ensino de que necessitam. O desabafo foi feito pelo presidente da direcção da SEA, Jorge Zacarias, no final da gala anual de 31 de Janeiro, onde a colectividade distinguiu 42 personalidades que se distinguiram nas áreas do desporto, música, cultura e dirigismo.Apesar da falta de apoio do Governo, a SEA está de excelente saúde financeira, repleta de jovens talentos e com vontade de celebrar mais 150 anos junto da comunidade, garantiu o responsável. “Fazemos esta gala num momento muito difícil para o ensino artístico em Portugal, que está a sofrer um ataque severo. Há dezenas de instituições como a nossa que este ano já não abriram portas. Felizmente temos conseguido uma boa sustentabilidade económico-financeira que nos permite passar ao lado da crise”, notou Jorge Zacarias. O dirigente defendeu uma “união mais forte” entre todos os que se relacionam com a Euterpe Alhandrense, elogiando a visão, empenho e dedicação de todos os que frequentam a instituição. “Fazemos o que fazemos em prol da cultura, do desporto e dos nossos jovens”, concluiu.Perante um auditório cheio, que obrigou mesmo várias dezenas de pessoas a assistir ao espectáculo de pé por falta de cadeiras, o presidente da junta de freguesia, Mário Cantiga, disse a brincar que “Hollywood que se cuide” porque a SEA mostrou talento e garra. “A cultura tem futuro apesar do nosso Governo se esquecer que ela é importante. Apesar de todas as malvadezes que nos vão fazendo, ainda há instituições como a Euterpe que nos vão ajudando”, criticou. Mário Cantiga disse mesmo ser “um orgulho” ter uma colectividade como a Euterpe na sua vila. “É pena que outras associações no resto do concelho não tenham a dinâmica que a SEA tem”, concluiu.O vice-presidente da Câmara de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, também usou da palavra mas evitou lançar farpas ao Governo. Disse que a Euterpe é uma colectividade “maior que a soma das partes” e que é resultado de “muito esforço, sonho e amizade”.A gala da Euterpe arrancou com vários momentos de teatro, ao jeito dos óscares e nem faltou uma transmissão televisiva em directo numa televisão da colectividade. Seguiu-se a entrega de prémios, acompanhada por demonstrações das várias secções da colectividade. Foram distinguidos atletas, dirigentes e professores em categorias como a perseverança, revelação ou dedicação. O momento mais emocionante da noite foi a homenagem a João Morato, carismático músico da banda que faleceu este ano aos 91 anos e que foi aplaudido de pé durante mais de um minuto por todo o auditório.