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Acabar com a austeridade

Passados quase 15 dias depois do “acabar com a austeridade” nos ter invadido alegremente a casa, mantenho as dúvidas básicas desse primeiro dia. Na verdade o que significa “acabar com a austeridade”? E como vamos fazer? Obviamente que todo o português de bom senso está interessadíssimo em ver a austeridade pelas costas. Estou na primeira fila e, como a todos, o assunto interessa-me bastante. Será que há uma luz ao fundo do túnel? Estamos no bom caminho? Mudamos de atores, embora velhos conhecidos, e fica tudo melhor? Ou muda apenas o discurso e fica tudo na mesma? Pior será, todavia, a rampa inclinar-se mais.Se por um lado todos estamos interessados em esquecer estes tempos difíceis, por outro, não menos importante, é não embandeirar em novas aventuras cujo fim já conhecemos. Como a maioria dos portugueses, não sou economista e o meu conhecimento da matéria é muito elementar. Sei que se andar anos a gastar mais do que ganho, um dia, mais tarde ou mais cedo, vão-me bater à porta. Aí vou ser chamado à razão e vou ter que assumir compromissos para pagar o que devo. Esta é a forma básica como interpreto a austeridade que fomos forçados a aceitar. Passados anos de austeridade, é natural que todos estejamos fartos da dita e por isso muito interessados em todas as propostas que apontem para o seu fim. Aí, no que me toca, a questão resume-se em saber como?Admitindo bom senso na resposta à primeira questão formulada, “acabar com a austeridade” é ter mais recursos para viver. Não vejo que possa ser diferente, mas o certo é que nenhum dos vendedores desta ideia foi suficientemente claro em definir o que significa este meritório e desejado objetivo de acabar com a austeridade.Ter mais recursos, só o conseguimos se gerarmos, como país, mais riqueza. Se o país tiver mais receita para distribuir pela saúde, educação, cultura, etc. e para pagar ordenados. Ou será que há outra forma? Como acabamos com a austeridade sem ser com mais riqueza? E, já agora, como conseguimos essa riqueza acrescida?Sabemos que não há políticas mágicas. Pouco nos importa quem ganha eleições. Melhor trabalho é a única via para mais riqueza. Todos queremos ser felizes e por isso necessitamos de um modo de vida em que os atos quotidianos de trabalho, produção e vivência se acumulem por um mundo mais sustentável, equilibrado e justo. O mais preocupante é que os discursos de apelo à mudança andam muito longe do caminho a trilhar. A realidade é que cada um tem muito a fazer, muito para além de apontar o dedo aos supostos responsáveis.Carlos A. Cupeto

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