Relatório sobre fuga de lixiviados em aterro de Alverca é “tranquilizador”
Documento já foi entregue na câmara. LNEC refere que nas análises de profundidade nas células afectadas não foram encontrados vestígios dos resíduos tóxicos.
O relatório final do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) sobre as consequências da fuga de lixiviados que aconteceu há nove meses no aterro sanitário de Mato da Cruz, em Alverca, já chegou à câmara e é “tranquilizador”.No documento feito chegar ao município o LNEC refere que nas análises de profundidade nas células afectadas não foram encontrados vestígios dos resíduos tóxicos lixiviados, pelo que o problema terá estado numa conduta do local. Segundo o documento, não terão sido registados quaisquer lixiviados nos piezómetros colocados no aterro nem nas vistorias com raio-x e testes de fluorescência realizados no local. O presidente do município vilafranquense, Alberto Mesquita (PS), disse já publicamente ter lido o essencial do documento e que este é “tranquilizador” e vem “desvanecer” algumas das preocupações existentes face ao derrame de resíduos tóxicos ocorridos naquele aterro. O autarca disse em reunião de câmara que o LNEC merece “toda a sua confiança” mas assegurou que o município vai manter-se vigilante e atento ao evoluir da situação. Em declarações a O MIRANTE, à margem de uma das últimas reuniões, Alberto Mesquita notou que Mato da Cruz “não é eterno” e que, apesar de ainda ter capacidade para receber mais toneladas de lixo nas células 2 e 3, mais tarde ou mais cedo o equipamento terá de ser selado. “Fomos um concelho que esteve anos sobrecarregado com aquele aterro. Temos de ponderar muito bem isso nas decisões que se tomarão no futuro. Devia-se ter salvaguardado melhor os interesses do município e não se fez isso. Mas numa situação de futuro, se um novo aterro se perspectivar para o concelho de Vila Franca de Xira, essas matérias terão de ser melhor acauteladas”, notou.Oposição não poupa nas críticasNa última reunião de câmara o vereador da coligação Novo Rumo, Rui Rei, criticou o relatório por apresentar poucos resultados. “É uma tristeza. Isto não pode passar em branco. Este aterro está ao pé das nossas casas, não está ao pé das casas dos administradores da Valorsul”, notou. Do lado da CDU, Nuno Libório defendeu que vai sendo hora da empresa tornar públicos os resultados do relatório e ter uma palavra para com a população, no sentido de melhor a esclarecer sobre o que ali sucedeu.Recorde-se que no final do ano a empresa que explora o aterro, a Valorsul, havia prometido enviar à câmara o último relatório do LNEC que ainda estava em falta sobre a fuga de lixiviados, uma situação que alarmou a população de Arcena e Alverca.Em Dezembro, quando contactada por O MIRANTE, é que a empresa explicou que o relatório técnico e um resumo não técnico, “referentes à análise integrada dos resultados obtidos a partir da campanha de prospecção geofísica e dos resultados provenientes da campanha de sondagens e colheita de amostras de solo” no aterro onde decorreu a fuga tóxica, iriam ser disponibilizados à câmara.A garantia de disponibilização dos relatórios foi dada depois dos eleitos da assembleia municipal terem criticado, numa sessão pública daquele órgão, todo o secretismo em torno do assunto e do presidente da câmara se ter lamentado de ter oficiado a empresa e não ter recebido resposta. A fuga dos lixiviados, recorde-se, foi registada em Abril do ano passado e, segundo informação avançada na altura pela Valorsul, ficou confinada a terrenos próprios, assegurando que a situação estava “controlada” e não representava riscos para a saúde pública. A fuga dos lixiviados - um líquido com grande carga poluente proveniente da biodegradação da massa de resíduos que se acumulam no fundo do aterro - gerou um clima de apreensão porque muitos moradores temeram que a situação pudesse contaminar lençóis de água e zonas habitadas do alto de Arcena, onde há captações de água e ribeiros. Foi a primeira vez que tal situação aconteceu no concelho.
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