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José Soares passou três anos nas cadeias do antigo regime

José Soares passou três anos nas cadeias do antigo regime

Preso político foi libertado no dia seguinte à revolução de 25 de Abril de 1974. Filiado no PCP, sofreu torturas e espancamentos. A prisão reforçou as suas convicções.

José Pedro Soares nasceu na freguesia de Cachoeiras, concelho de Vila Franca de Xira, e, como a maioria das crianças da época, foi trabalhar após terminar a antiga quarta classe. Trabalhava durante o dia e estudava à noite na escola técnica. Foi aí que, com os seus amigos, criou um movimento associativo onde tomou partido contra o fascismo e a guerra colonial, mostrando-se a favor da libertação dos presos políticos. Em 1971, quando tinha 21 anos, acabou por ser preso e apenas foi libertado, três anos mais tarde, no dia seguinte ao 25 de Abril de 1974. “Estive em Caxias e Peniche onde fui alvo de torturas, espancamentos e muitos interrogatórios. Após ter sido julgado e condenado, por pertencer à oposição democrática, ser membro do Partido Comunista Português e lutar contra a guerra colonial, permaneci isolado numa cela, num ambiente de grande destruição física e psicológica”, relembra com amargura a O MIRANTE.Afirma que os anos que permaneceu na cadeia influenciaram muito a sua vida, sobretudo porque foi aí que conheceu muitas pessoas influentes que reforçaram ainda mais as suas convicções, com a necessidade de viver numa sociedade cada vez mais livre e melhor.“Estamos aqui hoje para relembrar aos mais novos que existiu fascismo em Portugal e que houve também a Segunda Guerra Mundial, com cenários horrorosos aí vividos e onde mais de 50 milhões de pessoas, incluindo crianças, foram mortas. A nossa preocupação é que a memória desses terríveis momentos não se apague e, para isso, é importante passar estes marcos aos mais novos. Apesar de muitas lutas, acabámos por derrotar o fascismo em Portugal e é importante que as crianças percebam isso. Só assim poderão vir a impedir que volte a acontecer no futuro”, explicou.José Pedro Soares diz que, após o 25 de Abril, muitas mulheres e homens, assim como ele, fizeram com que a sociedade fosse em frente e afirma com amargura que tem pena que “agora as coisas tenham regredido e que já não sejamos tão felizes como éramos nesse tempo”. Tudo porque “esta política que tem levado ao desemprego e ao empobrecimento das pessoas não está de acordo com aquilo que o 25 de Abril prometeu”. Apesar de tudo, revela que tem esperança que, mais tarde ou mais cedo, “venhamos a recuperar esses caminhos que Abril abriu e as crianças são fundamentais para isso”.
José Soares passou três anos nas cadeias do antigo regime

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