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O associativismo só terá futuro se for remunerado

O associativismo só terá futuro se for remunerado

Manuel Alfaiate é presidente do CPCD da Póvoa de Santa Iria

Desde os 18 anos que está ligado ao movimento associativo e passou por várias colectividades e clubes nas diferentes terras onde residiu e trabalhou. A sua ligação ao CPCD começou em 1981 quando um grupo de rapazes, incluindo o seu filho, o desafiou a criar uma equipa para vestir as cores do clube.

O associativismo só terá futuro no concelho e na região se os cargos de direcção começarem a ser remunerados. A opinião é de Manuel Alfaiate, presidente do Centro Popular de Cultura e Desporto (CPCD) da Póvoa de Santa Iria, um dos principais clubes da cidade.Na opinião do dirigente, os mais novos não têm tempo para se dedicar ao associativismo por culpa dos trabalhos que cada vez mais lhes consomem todo o tempo que têm disponível. Uma forma de aliciar novos dirigentes, confessa, seria através do pagamento de pequenos incentivos aos dirigentes. “Os jovens não têm muita disponibilidade mas há reformados mais novos que eu que, esses sim, que podiam também dar algum apoio. O associativismo só tem futuro se for remunerado. Caso contrário não tem futuro. Se houver vencimentos os clubes sobrevivem. Já existem associações que pagam ao presidente e ao tesoureiro. Os clubes quando fazem o seu plano de actividades já têm inscritas essas verbas. Hoje em dia as pessoas não querem trabalhar de borla. Antigamente havia outro espírito”, confessa.Manuel Alfaiate, ligado ao clube desde o início da década de 1980, confessa-se cansado e já deixou o apelo na última assembleia do CPCD para que outro associado tome o seu lugar quando o mandato chegar ao fim, no final deste ano. “Passo aqui todos os dias, em média, seis e sete horas. O clube é hoje uma pequena empresa e é dessa forma que tem de trabalhar”, defende.Manuel Alfaiate, de 69 anos, conseguiu em três anos acabar com uma dívida herdada de uma direcção que entrou em 2007 e que deixou, em quatro anos, um passivo de 36 mil euros. Actualmente o clube já está a poupar e tem vários depósitos. Natural de Amareleja, concelho de Moura, Manuel Alfaiate é um rosto conhecido na Póvoa de Santa Iria. Oriundo de uma família agrícola, viu o pai morrer com 38 anos vítima de tétano. Quando era criança sonhava ser professor e chegou mesmo a ser o melhor aluno do distrito de Beja na quarta classe, o que lhe garantiu uma carta de elogio assinada pelo ministro da educação de então e a oferta de 30 livros numa festa de homenagem. Quando era pequeno sonhava ser professor e tinha uma pequena paixão pelo curso de economia. O seu primeiro emprego foi numa oficina de carpintaria, quando tinha 12 anos. Mais tarde foi à inspecção militar e foi aceite na Marinha. É nessa altura que surge a sua ligação ao concelho de Vila Franca de Xira. “Em Setembro de 1965 entrei na Marinha e embarquei no São Gabriel onde fiz várias viagens para Angola, Moçambique, Guiné e Estados Unidos. Trabalhava na parte administrativa de um escritório de apoio ao comandante e ao imediato”, conta. Na década de 70 quis abandonar a força naval porque não tinha tempo para estar com a família. Entrou numa empresa de Camarate que fabricava móveis de cozinha, que pagava o dobro do que recebia na Marinha. O pulo na carreira deu-se quando entrou ao serviço dos vinhos Camilo Alves, na altura em que a Central de Cervejas adquiriu a empresa. Concorreu a uma vaga na Central de Cervejas anos depois e entrou, para a secção de planeamento e controlo. Nunca foi homem de ficar quieto e concluiu os estudos em horário pós-laboral. Era responsável no seu emprego por planear tudo o que entrava e saía da fábrica: as matérias-primas necessárias, fabricação, distribuição de produto acabado e exportação.Desde os 18 anos que está ligado ao movimento associativo e passou por várias colectividades e clubes nas diferentes terras onde residiu e trabalhou. A sua ligação ao CPCD começou em 1981 quando um grupo de rapazes, incluindo o seu filho, o desafiou a criar uma equipa para vestir as cores do clube. “O acompanhamento directo e diário de uma casa como esta é fundamental. É preciso muita dedicação e gosto por isto. Acompanhar isto de perto para fazer gestão como deve ser. Para que as despesas nunca sejam superiores às receitas”, conclui.
O associativismo só terá futuro se for remunerado

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