Patrício Mata nasceu há 36 anos em Alenquer, onde ainda hoje reside. Advogado há pouco mais de dois anos, decidiu fixar escritório próprio no centro de Vila Franca de Xira, numa das ruas mais movimentadas da cidade. A advocacia surgiu por um mero acaso e por conselho da irmã. Nunca pensou fazer carreira na área do Direito até chegar ao final do ensino secundário, até porque a sua preferência recaía na área da economia, só que a matemática era o grande entrave.Pelo caminho ficaram outros trabalhos em áreas bastante distintas, dado que Patrício Mata começou a trabalhar logo após terminar o 12º ano, aos 18 anos. Tomou conta de um armazém para uma das maiores empresas de construção a nível nacional, passou pelo ramo da distribuição de produtos tóxicos e esteve a trabalhar nas portagens através de uma empresa de trabalho temporário. “Foi nessa altura, com 20 anos, que decidi continuar a estudar e desisti de trabalhar, porque não estava a conseguir conciliar as duas coisas”, afirma o advogado, que reingressou no mercado de trabalho apenas aos 26 anos, após finalizar a licenciatura.Como o estágio é obrigatório na área da advocacia, não quis estar a depender mais tempo dos pais e, durante esse período, decidiu trabalhar no ramo da segurança privada, conciliando ambas as coisas. “Como tinha pouco dinheiro, mesmo contra a vontade dos meus pais, decidi trabalhar ao mesmo tempo que fazia o estágio, primeiro na zona de Alenquer e depois em Santarém, até porque sempre fui uma pessoa com bastante ambição e nunca gostei de depender de ninguém. Se não tivesse trabalhado de noite, tenho quase a certeza que hoje não seria advogado”, garante.Mudou de estágio duas vezes e só conseguiu ultrapassar essa etapa passados oito anos. “O primeiro advogado em que estive não tinha qualquer preparação para ele quanto mais para dar estágio, ao passo que no segundo, no Cartaxo, estava apenas a meio ano de finalizar, quando entrei em conflito com ele e com a sua esposa”, explica Patrício Mata. Acabou por ser em Santarém que, após mais três anos, concluiu o estágio naquele que considera ser um dos melhores escritórios de advogados daquela capital de distrito.Com o estágio feito e inscrito na Ordem dos Advogados decidiu lançar-se sozinho e abrir escritório próprio. Apesar das grandes dificuldades, sobretudo por ter apostado num momento de crise, nunca baixou os braços e confessa que nunca se arrependeu. “O que me salvou no início foram as cobranças de dívidas, caso contrário não teria conseguido. Tive muita sorte com o local que escolhi para me fixar e pelo facto de estarmos em tempos de grande dificuldade económica, em que as cobranças de dívidas cresceram acentuadamente”, confessou, frisando ainda que, mesmo assim, “o panorama não está fácil, mas vai dando para viver”.E como parar não faz parte do dicionário de Patrício Mata, tenciona especializar-se em determinadas áreas. “Gosto muito do Direito do trabalho e do Direito fiscal, mas são os clientes que nos fazem querer escolher uma ou outra especialização, porque temos sempre que ir ao encontro daquilo para o qual somos solicitados”, deixou presente.O cliente do bater à porta é muito frequente no escritório de Patrício Mata, facto que justifica por estar num local muito central de Vila Franca de Xira. “São quase sempre situações ligadas ao trabalho ou então casos de divórcios ou separações recentes”, adiantou.Ambiciona um dia, quando se sentir com uma maior maturidade, vir a experimentar a magistratura, enquanto procurador. “Nunca pensei em ser juiz, mas dada a conjuntura difícil que estamos a passar, já comecei a ponderar essa hipótese”, concluiu.