Teatro Ildefonso Valério em Alverca encerra no fim de Março
Em causa está a falta de verbas para continuar o trabalho do Cegada
O teatro-estúdio Ildefonso Valério em Alverca, pólo cultural de excelência na cidade e no concelho de Vila Franca de Xira, que até hoje era dinamizado pelo Cegada Grupo de Teatro, vai encerrar portas no final deste mês de Março. Um final súbito que apanha de surpresa a comunidade e que vai deixar Alverca ainda mais pobre culturalmente.Em causa está a falta de verbas provenientes do apoio municipal que lhe permitia manter-se em actividade. Este ano o município reservou em orçamento uma verba de 16.200 euros para dividir entre a meia dúzia de grupos de teatro do concelho e entregou directamente à companhia Inestética, por subvenção, 24600 euros. O Cegada não concordou com os valores propostos e com as atribuições por subvenção e por isso não se candidatou aos apoios da câmara, não recebendo qualquer subsídio. “Entendemos que é preciso que a câmara crie um regulamento público, claro e disponível de igual forma a todas as entidades de criação teatral, destinado a reger o concurso de subvenção anual à criação artística e à transparente distribuição das verbas”, referem os responsáveis. Rui Dionísio nota que não há “qualquer rivalidade” com os restantes grupos do concelho mas diz que é preciso igualdade de oportunidades.“É uma perda enorme para a cultura em Alverca e no concelho. Decidimos não nos candidatar às verbas por não concordarmos com uma matéria que não funciona”, lamenta. Na Internet já está a correr uma petição a pedir ao município que reveja esta matéria e que, na noite de terça-feira, já contava com mais de 160 assinaturas.A verba atribuída ao Cegada tem vindo a cair desde 2010, ano em que recebeu 7600 euros. No último ano recebeu pouco mais de 3350 euros. O Cegada era a única entidade do concelho a dinamizar com uma programação frequente o pequeno teatro-estúdio, de 77 lugares, que é propriedade do município. No último ano atraiu mais de seis mil espectadores. Para o dia 27 de Março está previsto um cordão humano em torno do teatro em forma de despedida. O espaço fecha portas precisamente no mês de aniversário do Cegada e no mês em que se celebra o Dia Mundial do Teatro. O município refere que nos últimos anos apoiou o Cegada com mais de 270 mil euros e que não houve qualquer decisão de cortar o financiamento. “O compromisso existente é continuar a apoiar o movimento associativo do concelho”, frisa a câmara, explicando que o grupo não se candidatou aos apoios existentes.Os últimos espectáculos em cena serão nos dias 13, 14 e 15 de Março, três representações extra da peça “O Quadro”, baseada num texto de Yasmina Reza. A peça vai ser apresentada às 21h30. Durante o mês de Março, até dia 22, também às sextas, sábados e domingos mas às 16h00, o Cegada apresenta “O Príncipe Feliz”.
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