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Campeão nacional de tiro com arco treina sozinho em Alverca

António Faneca Neves é o último arqueiro da secção de tiro com arco do FC Alverca, que há menos de cinco anos tinha mais de 30 pessoas. Apesar de treinar sozinho e sem apoios conseguiu arrebatar mais um título e mereceu elogios da câmara municipal.

O novo campeão nacional de tiro com arco em sala é de Vialonga, vive em Alverca e conseguiu a vitória treinando sozinho. O que o fez saborear com ainda mais intensidade o resultado. António Neves é o único arqueiro ainda no activo no FC Alverca, tendo visto a secção definhar ao longo dos anos até ser, actualmente, um vazio. Longe vão os tempos em que havia mais de 30 pessoas a treinar no ginásio sede. Tumultos na federação e o afastamento do treinador do clube por motivos profissionais levaram muitos atletas a abandonar a modalidade. Quando precisa de ver onde está a falhar o agora campeão nacional pede às filhas para o filmarem a treinar, para depois em casa poder analisar como está a atirar. Treinar sozinho e por sua conta é o mais difícil, confessa a O MIRANTE, notando que já esteve perto de abandonar o clube por falta de treinador. “Já tive convites para ir para a Euterpe, em Alhandra, onde está o seleccionador nacional, mas ainda só não aceitei por incompatibilidade de horário”, regista.Natural de Vialonga e com 47 anos, António Neves alcançou a vitória no início do mês em Mafra frente a 40 adversários e sonha vir a alcançar os mínimos para competir em provas europeias. O tiro com arco ajuda-o a descomprimir do trabalho do dia a dia e dos desafios familiares. António trabalha na empresa Saint-Gobain, em Santa Iria da Azóia, no fabrico de tectos e pára-brisas em vidro para automóveis. Sempre praticou desporto e aos 13 anos começou a jogar futebol. Em 2003 viu uma demonstração de tiro com arco e ficou viciado na modalidade.António compete na vertente de sala, onde os alvos são pequenos e colocados a uma distância de 18 metros. Dispara 60 flechas por prova e a soma de todas dá uma pontuação para o ranking. “Neste momento sou o único arqueiro desta secção, já toda a gente saiu, alguns vencedores, outros grandes talentos e promessas. Faz falta um treinador que nos possa ajudar. Faz falta o convívio para partilhar experiências. Sozinho é mais complicado”, explica a O MIRANTE. António Neves não é estranho aos bons resultados. Esta foi a segunda vez que se sagrou campeão nacional, acumulando nos últimos anos vários segundos e terceiros lugares. “Quando estás a disparar não estás a pensar em mais nada. Se pensares em alguma coisa acabou tudo. Quando estamos nisto temos de nos entregar mesmo ao tiro. E depois é ter uma grande vontade de superação pessoal e de melhorar constantemente os resultados”, explica.Apesar dos bons resultados, António Neves não tem quaisquer apoios financeiros e tudo o que precisa tem de ser ele próprio a comprar. Anda a poupar para poder melhorar o arco com o qual compete. “É fundamental ter valores e gostar do que se faz. Estar empenhado e ter muito treino. É um desporto muito técnico. Não esperava ter sido campeão mas é uma grande alegria”, confessa.Numa das últimas reuniões de câmara os vereadores e o presidente do município elogiaram o seu papel e a sua vitória para a importância desportiva do concelho.“Se pudesse ia-me embora de Alverca”António Neves vive em Alverca e diz que, se pudesse, ia-se embora da cidade. “A cidade podia ser melhor, o trânsito é caótico e há alturas em que só para ir buscar os filhos à escola é um problema, porque Alverca só tem uma entrada e uma saída. Há tantas aberrações que nem vale a pena falar delas, estão à vista de todos, não as resolvem não sei porquê”, lamenta. O campeão nacional lamenta que a cidade seja limitada ao nível desportivo. “Às vezes vou a outras cidades, como a Caldas da Rainha, e vejo que há mais estruturas. Aqui há pouca coisa. Precisávamos de outro tipo de estruturas para as diferentes modalidades, como uma pista de atletismo. Isso nota-se e a cidade está um bocadinho aquém”, regista.

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