Documentário de jovem de Coruche anda nas bocas do mundo
Curta-metragem de oito minutos está seleccionada para um prémio de excelência no Festival Internacional de Cinema do Canadá e Melhor Documental do Novo Cinema do Rio de Janeiro. “Negro de Carvão” retrata o dia-a-dia dos carvoeiros, uma actividade milenar no concelho de Coruche.
“Negro de Carvão” é o título do documentário da autoria de uma jovem de Coruche, Tânia Prates, que está seleccionado para um prémio de excelência no Festival Internacional de Cinema do Canadá, que se realiza em Vancouver, Canadá, nos dias 11 e 12 de Abril. A curta-metragem de oito minutos retrata o dia-a-dia dos carvoeiros, uma actividade milenar no concelho de Coruche.Foi a primeira vez que Tânia concorreu a um festival de cinema desta dimensão. Para seu espanto, a 20 de Fevereiro recebeu um e-mail a informar que “Negro de Carvão” tinha sido seleccionado como candidato ao prémio de excelência na categoria de Documentários Curtos.A cerimónia é no dia 12 de Abril e, apesar de Tânia ter chegado a encetar contactos com várias entidades nacionais e internacionais procurando ajuda para pagar a viagem e o alojamento, a jovem vai ser representada em Vancouver por uma outra coruchense, Natividade, que se encontra a viver naquela cidade da América do Norte há alguns anos.Trabalho final do curso profissional de Audiovisuais e Produção dos Media, concluído em 2014 no Instituto de Criatividade, Artes e Novas Tecnologias (Restart), a curta-metragem documental surgiu da ideia de pegar na história do avô paterno, um alentejano que se tornou carvoeiro num concelho onde esta actividade ainda é o sustento de muitas famílias. “Esta experiência foi muito divertida e enriquecedora porque tinha carvoeiros na família mas não conhecia esta realidade”, explica. Ao longo de duas semanas, captou com uma Canon 6D imagens do corte do sobreiro, colocação da madeira seca dentro dos fornos e retirada do carvão vegetal pelos funcionários de uma herdade que tem um dos mais antigos fornos de carvão do concelho. “Ao contrário da ficção, no documentário as coisas vão surgindo e os imprevistos acontecem”, salienta. Registar para a posteridade “uma actividade milenar que está em risco de desaparecer” é, para Tânia, a grande mais-valia deste trabalho.“Negro de Carvão” foi também premiado na categoria Melhor Documental da edição do Novo Cinema do Rio de Janeiro, em Copacabana, Brasil, e vai ser exibido a 2 de Abril. Arrebatou ainda o prémio de Melhor Curta Portuguesa na 35ª edição do FantasPorto, no Porto.O cinema faz parte do imaginário de Tânia e é com entusiasmo que recorda as animadas sessões de cinema em família. Foi uma câmara de vídeo comprada pelo pai em 2004 e o incentivo recebido depois de apresentar um filme sobre o património de Coruche, no trabalho final do curso de Técnica de Turismo na Escola de Hotelaria e Turismo de Santarém, que a motivaram. “Sempre fui muito auto-didacta nas técnicas e nos métodos”, garante.Esta não é a primeira vez que Tânia vê o seu trabalho em vídeo ser distinguido. A sua primeira curta-metragem, “A Corda do Relógio”, realizada durante a licenciatura em Educação e Comunicação Multimédia pela Escola Superior de Educação de Santarém (ESES), esteve presente no Festival Farcume 2012 e na competição oficial do “Brevemente” 2012.O seu projecto final de curso da ESES foi a sua primeira longa-metragem, “Bombeiros da Minha Terra”, sobre a história da corporação dos bombeiros de Coruche, que venceu o Prémio Nacional Multimédia, na categoria Sony Escolas HD no ano de 2013. “Fiquei apaixonadíssima e endividadíssima”, confessa.Sonhadora e determinada, Tânia idealiza agora fazer um trabalho com o Centro de Reabilitação e Integração de Coruche (CRIC) no sentido de acompanhar o dia-a-dia dos utentes desta instituição que aposta na autonomização de pessoas com deficiências.
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