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Quarenta anos de dedicação à arte

Quarenta anos de dedicação à arte

Mário Rodrigues é engenheiro técnico agrário e durante algumas décadas dividiu a sua actividade profissional, como funcionário do Ministério da Agricultura, com a de pintor e escultor. Hoje, aposentado, tem o tempo todo para criar obras como as que estão em exposição em Santarém, a cidade que escolheu para viver.

Uma parte dos 40 anos de percurso artístico de Mário Rodrigues está à vista até 7 de Abril no Fórum Mário Viegas, em Santarém, entre pintura, desenho, escultura, cerâmica e gravura. Várias expressões artísticas deste engenheiro técnico agrário aposentado que durante muitos anos complementou a sua vida profissional de funcionário do Ministério da Agricultura com a dedicação às artes, sobretudo à pintura. Nascido em Santiago de Montalegre, concelho de Sardoal, em 29 de Novembro de 1949, Mário Rodrigues foi ainda adolescente estudar para o Liceu de Santarém. Prosseguiu os estudos e formou-se como engenheiro técnico agrário na Escola de Regentes Agrícolas de Santarém, fixando-se na cidade até hoje, agora com o tempo todo para se dedicar à arte. A pintura é vista como uma “actividade intensa” a que dedicou sempre várias horas por dia, por vezes compulsivamente noite dentro no seu ateliê nas Fontainhas, arredores da cidade. A imaginação e o sentido prático que o levam à criação já vem de infância. Era ele que construía os seus brinquedos ou fazia as suas canetas de aparo. A pintura veio mais tarde. “Só quando comecei a ter dinheiro para investir nos materiais é que resolvi dedicar-me a sério, pois é uma actividade cara”. E de que é difícil tirar rendimento para sustentar uma família. “Não é fácil viver só disto. São raros os que o conseguem, só mesmo os famosos”, diz, acrescentando que mesmo assim ganhou o suficiente para as despesas, embora os tempos actuais não sejam famosos. “As pessoas sentem-se mais retraídas para investir em arte, pois não é um bem de primeira, segunda ou terceira necessidade...”.Casado, com dois filhos e quatro netos, Mário Rodrigues confessa que sofre um pouco do síndroma da tela em branco, mas assim que sai a primeira mancha o trabalho flui por ali fora, não se sabe muito bem até onde, pois trabalha em várias obras ao mesmo tempo e nada está pré-definido. “Sou um bocado irrequieto e inquieto. Tenho vários trilhos onde experimento várias coisas. Por vezes volto atrás e sigo outros”. As crises de inspiração combate-as lendo, pondo coisas de parte e passando para outras, trabalhando em várias técnicas. Do Sardoal a Santarém Das origens no Sardoal permanecem no seu trabalho reminiscências das brincadeiras de infância, como a figura do pião, que aparece nalguns elementos da sua pintura. Já não vai à terra natal tantas vezes como gostaria, mas acompanha o que por lá vai ocorrendo e reconhece que o Sardoal tem evoluído favoravelmente, apesar do estigma da interioridade. Recorda as procissões da Páscoa como manifestações marcantes e que ainda hoje levam muita gente até aquela vila do norte do Ribatejo.Quanto a Santarém, acha que o poder político tem investido pouco na cultura como elo de ligação entre as pessoas e como um importante acto de cidadania, à semelhança, aliás, do que acontece na maior parte do país. Considera que o centro histórico da cidade praticamente “deixa de existir” depois das sete da tarde e que isso “é medonho e fantasmagórico”. Mas nunca se arrependeu de fixar residência na cidade e entende que ela continua a merecer os títulos de capital do Ribatejo e de capital do Gótico. “É pena é que não se aproveite isso”, diz, referindo que a proximidade a Lisboa, por vezes apontada como entrave ao desenvolvimento, deve ser aproveitada como uma vantagem.Um pintor premiadoPara aperfeiçoar o seu trabalho, Mário Rodrigues cursou Serigrafia no Centro Cultural Regional de Santarém com António Inverno. Frequentou na Sociedade Nacional de Belas Artes o curso de Pintura com Jaime Silva, o curso de Estética e História de Arte Contemporânea com Cristina Azevedo e o curso de Estética com David Lopes. As instalações do Centro Cultural Regional de Santarém, onde actualmente exibe alguns dos seus trabalhos, foram o espaço onde se lançou em exposições individuais, em 1984. Desde aí mostrou as suas criações em galerias de vários pontos do país, como Lisboa, Sintra, Sardoal, Almeirim, Entroncamento, Rio Maior, Faro, Arruda dos Vinhos, Setúbal ou Óbidos.Conta no seu currículo com vários prémios: 1º prémio ex-aequo de pintura e 1º prémio de cerâmica - Salão de Outono, Santarém (1986); 1º prémio em Pintura, Jogos Florais de V. N. da Barquinha (1987); 1º Prémio Pintura - Salão de Outono, Santarém (1993); Menção honrosa na 1ª Bienal de Coruche (2003).
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