A equipa de patinagem artística da União Desportiva Vilafranquense, que se sagrou Campeã Nacional de Show - Grupos Pequenos, com o esquema “Turbilhão de Emoções”, vai defender, no final do mês de Abril, as cores de Portugal no Campeonato da Europa. A prova realiza-se em Bremerhaven, na Alemanha, de 30 de Abril a 2 de Maio, e conta com a estreia desta equipa lusa na disciplina, fruto do título nacional alcançado a 22 de Março, no Entroncamento.O esquema a apresentar pelos dez elementos foi idealizado pela treinadora Cristina Marques, que só este ano deu início a esta variante da modalidade. Por norma, o empenho maior é dado às actuações a solo. O destaque vai para Inês Van Hout, a única com estatuto de atleta de alta competição, mercê do oitavo lugar conseguido no Mundial do ano passado, em solo dance. Inês deixa bem clara que a receita do sucesso é “muito trabalho”. O companheirismo com as colegas é outro dos pilares do triunfo, mas há que superar algumas dificuldades. “Faltam muitos apoios. Não estamos mal de instalações, mas precisávamos de mais carga horária, apesar de passarmos aqui a tarde toda. Começamos às 15h30 e terminamos às 23h30. Começamos na pista, pelo meio temos aulas de dança e depois voltamos aos patins. Para este campeonato nacional foram precisas cinco horas a mais por dia no fim-de-semana. Dá uma média de sete horas por dia”, descreveu Inês Van Hout, de 19 anos, de Alverca.Com 11 anos de modalidade, esta foi a primeira participação num esquema de grupo. Apesar de agradável, a melhor experiência para Inês é actuar a solo. Aí pode sentir o que mais gosta. “Quando estou em cima dos patins é outro mundo. Não sei explicar. Mais nada me faz sentir isto. É único, a velocidade, a rapidez e a perfeição”, atira. Nos planos de Inês, além de um curso superior de desporto, está transmitir o que sabe. “Dou treinos em Vialonga e Alverca e gostaria de formar atletas, ter uma escola própria e mostrar o que é a patinagem artística”.Um esquema entre a música e a passagem de modelosPeça fulcral no sucesso é Cristina Marques. A treinadora, que diariamente viaja de Carnaxide para Vila Franca de Xira, tenta transmitir a paixão pela patinagem. “Não há outra forma de fazer as coisas. Tomamos consciência de que chegar um pouco mais além requer muito trabalho. A parte difícil é convencer miúdos de 15 anos a ter esta mentalidade”, salienta. Neste processo, a ajuda do curso de Psicologia é preciosa, tal como o apoio de uma família devotada ao desporto. O marido, o ex-basquetebolista Carlos Lisboa, agora treinador do Benfica, e os filhos, são um forte pilar. “Agora temos o Europeu. As coisas não nos têm corrido muito bem, apesar de termos sido campeões nacionais, porque tivemos duas lesões. Uma delas não pode ir ao Europeu porque tem exame nesse dia. Por isso, as expectativas são cautelosas”, confessa.O esquema que vai defender as cores lusas nasceu da inspiração de Cristina, com origens surpreendentes. “Normalmente é música, mas também passagens de modelos, imagens que apanho quando vou de carro. A maior parte das vezes, estou a dormir e acordo, levanto-me de imediato e vou apontar a ideia. Às vezes já não me deito, dou asas às ideias”.O sonho parece estar sempre presente neste universo de rodas nos pés, mas Cristina refreia ânimos quando se fala numa ida ao Mundial da Colômbia. “A federação custeia participações a nível individual. Em grupos tem de se arranjar dinheiro. Neste momento, vamos para o Europeu, porque os pais disseram que avançam, com muito sacrifício. Só a viagem, e somos 12 pessoas, fica em 170 euros cada. Por isso, a Colômbia, é complicado”, admite.