Numa das últimas edições de O MIRANTE foi publicada uma entrevista ao presidente do conselho directivo do IEFP (Instituto de Emprego e Formação Profissional) em que este procura transmitir as suas ideias sobre a actual problemática do emprego e da formação profissional em Portugal. Face à pergunta do jornalista “Qual a relação do IEFP com universidades, politécnicos e escolas profissionais?”, a sua resposta é “Temos que olhar para o mercado de trabalho e perceber quais são as necessidades das empresas e não olhar para as necessidades dos Politécnicos, por exemplo. (…)”. Se a primeira parte da resposta é uma evidência já a segunda parte insinua que os politécnicos estão desfasados do mercado de trabalho e, pior, acorrem a outras organizações (o IEFP?) para resolver as suas “necessidades”. Nestas respostas em que se usa o conceito do “por exemplo” pode sempre questionar-se porquê esse exemplo e porque excluir outros que, por definição, também serviam de exemplo! Se é verdade que no politécnico há cursos com mais difícil empregabilidade (nomeadamente ensino, humanidades e artes) também no sistema universitário acontece igual situação. Ou será que os licenciados por universidades em Letras, História, Direito ou Arquitectura têm toda uma dificuldade em escolher as melhores propostas de trabalho? Pelo contrário, nas áreas das tecnologias nos politécnicos verificam-se mesmo casos de melhor empregabilidade quando comparada com universidades. Apesar de não se encontrar tal declaração, acresce ainda que na elaboração da “notícia” o jornalista insere o seguinte subtítulo: “Não andamos a arranjar alunos para cursos dos politécnicos sem empregabilidade”. É caso para dizer que, com amigos destes, bem podem os professores dos politécnicos esforçar-se por demonstrar as virtualidades e a qualidade desse tipo de ensino…Rui Sant’Ovaia (Professor no Instituto Politécnico de Tomar)