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Acampamento de Almeirim continua a ser desmantelado sem programa de protecção das crianças

Acampamento de Almeirim continua a ser desmantelado sem programa de protecção das crianças

Câmara diz que se preocupa com as crianças ciganas mas não tem alojamento disponível
A Câmara de Almeirim demoliu mais três barracas no acampamento de ciganos num terreno junto à zona industrial na terça-feira, 7 de Abril, e prepara-se para demolir as restantes seis que ainda restam no local. Mas a autarquia não preparou nenhum plano de alojamento sobretudo para as famílias com dez crianças que ficaram sem habitação. A presidente da Comissão de Protecção de Crianças e Jovens de Almeirim, Clara Pó, recusa-se a falar do assunto e não revela se a entidade está a acompanhar a situação desculpando-se que se trata de matéria sigilosa.O presidente da câmara, Pedro Ribeiro, justifica a acção de desmantelamento do acampamento, que tem vindo a decorrer desde finais de 2013, com questões legais. O autarca refere que as construções estão em Reserva Ecológica Nacional, que não permite qualquer alteração do solo. Pedro Ribeiro diz que a situação das crianças é uma questão que preocupa a câmara mas ressalva que não pode fazer nada porque o município não tem alojamento disponível. Quando a autarquia avançou para as primeiras demolições, a 12 de Dezembro de 2013, existiam no local 21 barracas. A mais recente demolição ocorreu um mês após se ter descoberto uma ligação ilegal de electricidade a uma caixa que abastece a feira mensal, ao lado do acampamento. Na altura os serviços da câmara municipal, foram verificar a situação quando feirantes se queixaram de não terem electricidade, encontraram a ligação ilegal que estava dissimulada no pavimento. Os suspeitos levantaram a calçada e fizeram um rasgo no pavimento de alcatrão, tendo, para ocultar a situação, reposto a calçada e tapado o rasgo no pavimento com cimento.O sentimento dos moradores do acampamento era de indignação. Alexandra Rosa, que viu a sua barraca ser destruída, tem três filhos e diz não saber para onde ir. “Agora não tenho para onde ir, se a GNR vier cá mandar-me embora, não vou, nem que me batam. Mandaram tudo abaixo, até o estendal da roupa”, conta a O MIRANTE. Alexandra já tinha sido notificada pela autarquia para a necessidade de ter uma licença de construção para a barraca, mas esta licença nunca poderia ser emitida porque não é legalmente possível licenciar construções em reserva ecológica.A moradora reconhece que tinha electricidade a partir de uma puxada ilegal mas justifica a situação com os seus filhos. “As crianças estudam na escola dos charcos e à noite têm que fazer os trabalhos de casa. Disseram-nos para sermos amigos do comandante da GNR e nós fazemos tudo o que ele manda. Não tem havido problemas nenhuns neste acampamento”, afirma Alexandra Rosa.No total existem cerca de quatro dezenas de crianças no acampamento, que existe há cerca de 18 anos, entre elas uma criança deficiente em cadeira de rodas. De entre os moradores há alguns homens que estiveram a trabalhar para a câmara através de programas do Centro de Emprego, tendo feito vários trabalhos como a desmatação dos diques da Tapada, a recolha de lixo, entre outros trabalhos, não tendo havido notícia de qualquer problema com estes trabalhadores. Os moradores das seis barracas que ainda ficaram de pé já foram notificados de que estas vão ser demolidas no prazo de 15 dias. Câmara manda fiscalizar casas degradadas onde vivem ciganosO presidente diz que a câmara está disponível para receber pessoas de etnia cigana para trabalharem na câmara e assim ganharem dinheiro para alugarem casas. A questão é que estes são contratados através de programas que têm um tempo limitado para a mesma entidade empregadora. Alguns elementos que viram as suas barracas demolidas em 2013 procuraram alojamento em outros locais do concelho, sobretudo em instalações abandonadas e casas sem as mínimas condições. Segundo Pedro Ribeiro, quando existem queixas sobre habitações onde vivam ciganos a autarquia manda a fiscalização e a comissão de vistorias actuarem. Recentemente foram notificadas famílias ciganas que vivem em duas casas, uma em Almeirim e outra em Fazendas de Almeirim, para desocuparem as residências. .
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