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Ávinho apresenta sinais da crise mas o futuro está garantido

Ávinho apresenta sinais da crise mas o futuro está garantido

Menos casas e montras decoradas e adegas a fechar são sinais da crise que também atingiu a festa do vinho e das vinhas em Aveiras de Cima. Presidente da Câmara da Azambuja garante vitalidade e continuidade do evento.

Maria Adelaide Fidalgo, 58 anos, é uma das mais entusiastas da Ávinho, festa do vinho e das adegas, a maior festa anual em Aveiras de Cima e que, em 2015, teve a sua 11ª edição entre 10 e 12 de Abril. Residente na localidade desde que nasceu, envolve-se afincadamente na festa da mesma forma que no primeiro ano, mas nunca lá foi…Estranho? Sim, mas entende-se. Maria explora um café na freguesia e não pode estar nas festividades. “Nunca vou à festa. Trabalho no café para que os outros tenham festa. A festa vem até mim”, brinca. Mas não é por isso que se alheia do que se passa e, como pode, participa desde a primeira edição. O MIRANTE descobriu-a a decorar a frente da sua casa com afinco. “Faço isto desde a primeira edição. Na altura foi a organização que pediu para as pessoas fazerem e é bom, traz um sentimento de bairrismo”, referiu.No meio de uma videira, uma cabaça de água ou vinho, uma caixa de enxertia, um boneco quase em tamanho real e, claro, a caneca da festa, à venda por dois euros, Maria, na companhia da mãe, Maria Torres, de 91 anos, dá nova vida a velhos utensílios. “Isto são coisas que tínhamos em casa, que o meu marido já não usa e trouxemos para aqui”.Mas a alegria podia ser maior. Apesar de trazer ainda muita gente à terra, como se viu nesses três dias, sobretudo nas noites, a Ávinho já não é o que era. Quem o diz é Maria. “As pessoas vão desistindo. Houve anos em que estavam quase todas as casas enfeitadas, as montras das lojas, mas foram desistindo. A crise também se reflecte aqui. Há adegas que já fecharam”, assegura.Uma delas, em frente à sua casa, está de portas trancadas em pleno dia de desfile etnográfico, ponto alto da festa. “A Adega do Zé Cunha já não abre há dois anos”, refere. “Mas eu não desisto e enquanto aqui estiver e puder, vou continuar a enfeitar as casa”, garante.A contrariar a crise da “festa do vinho mais típica de Portugal”, como se intitula, esteve o presidente da Câmara de Azambuja. Luís de Sousa, entre apelos ao consumo moderado de álcool, saudou a vitalidade do evento, agradeceu o envolvimento dos produtores da região, que este ano abriram as portas de 11 adegas, e salientou as inovações deste ano. “Há uma nova loja de produtos regionais, onde se pode comprar vinho, queijo, mel, além de um maior envolvimento das gentes da terra nesta festa com identidade e alma. Há alguns que dizem que a Ávinho está a cair, que se focam sempre na parte negativa. Mais vale não estarem cá, vão até ao Brasil nesta altura”, atirou, em jeito de recado.No programa da festa, onde o ponto alto foi o desfile etnográfico, que mostra as várias fases de “O Ciclo do Vinho”, os visitantes tiveram ainda oportunidade de ver as actuações musicais dos Virgem Suta e Diabo na Cruz, além de arruadas da Banda Filarmónica de Aveiras de Cima. Espalhadas pelas ruas estiveram as habituais barracas de petiscos, com especial destaque para o porco no espeto.Destaque ainda para a 33ª edição do Concurso de Vinhos do Produtor do Concelho de Azambuja, que teve como vencedores a Agro-Batoréu, de Aveiras de Cima, com o melhor tinto, e a Sociedade Agrícola Vale de Fornos, de Azambuja, com o melhor branco. Os vencedores receberam um prémio, cada, de 750 euros.
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