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Grupo de Alhandra integra memórias da comunidade em peças teatrais

Grupo de Alhandra integra memórias da comunidade em peças teatrais

“Cais 14” existe desde 2012. Peças reflectem vivências e memórias das gentes da terra. Dulce Domingos é uma das responsáveis pela produção do grupo, que tem dado nas vistas e que foi criado há três anos para assinalar os 150 anos da Euterpe Alhandrense.

Em Alhandra, concelho de Vila Franca de Xira, há um grupo de teatro diferente que recolhe as vivências e histórias da comunidade mais antiga da vila para as transformar e integrar nas diferentes peças de teatro que vão produzindo. Chama-se Cais 14 e nasceu em 2012 como forma de celebrar os 150 anos da Sociedade Euterpe Alhandrense. Não tem parado de crescer e o seu nome já é reconhecido no panorama nacional, sendo frequentemente convidados para actuar por todo o país. O Cais 14 é composto por três dezenas de pessoas que só actuam em locais improváveis, seja em mercados semanais de vilas e aldeias - como Alhandra ou Alcântara - a um shopping no Porto, à Malaposta, Reguengos de Monsaraz ou Lagos.Dulce Domingos, 59 anos, é professora em Alhandra e uma das responsáveis pela produção do grupo. É um rosto conhecido na terra por ter um papel activo na comunidade. Além dos alunos e do teatro está também envolvida na associação de artesãos de Alhandra. Diz, em tom descontraído, que no Cais 14 não há actores, há pessoas - crianças, reformados, advogados, biólogos e costureiras, por exemplo - dos 3 aos 80 anos. “As nossas peças não são de autor, são baseadas na identidade e na memória da nossa comunidade. Eu própria fiz todo um trabalho de recolha de memórias com pessoas antigas de Alhandra, gente com história e passado, algumas infelizmente entretanto falecidas”, explica a O MIRANTE. Durante dois meses Dulce recolheu testemunhos dos anciãos da terra sobre como era a vida social em Alhandra noutros tempos. Quando o grupo começou, Dulce estava longe de imaginar que era um projecto com pernas para andar. Inicialmente tratou-se de um grupo de pessoas que criou uma peça chamada “Cais 14”, onde dava a conhecer todas essas vivências da comunidade. A peça foi interpretada na zona ribeirinha da vila, ao ar livre, mas quando acabou toda a gente sentiu uma forte ligação ao teatro e mostraram vontade em continuar. “O processo foi tão intenso, gratificante e bonito, Alhandra vive estas coisas e gosta disto. Era desperdício deitar fora uma entidade destas. Na altura a Euterpe nem hesitou em receber-nos”, explica. O grupo está aberto a novos membros, basta aparecer num dos dias de ensaio, às quartas-feiras, na Euterpe, pelas 20h30. O sonho de Dulce é realizar uma peça no meio do rio, no varino Liberdade, ou no meio do mouchão de Alhandra. É preciso dinamizar a zona ribeirinhaDulce Domingos diz que é preciso tornar a zona ribeirinha ainda mais apelativa, com projectos capazes de puxar gente para a beira do rio. “Se quiser fazer aqui um projecto na zona ribeirinha não deixam porque desvirtua a zona. Mas depois vemos Lisboa cheia de esplanadas e espaços novos à beira do rio que potencia e faz crescer outras coisas, era uma ideia para aqui”, defende. Dulce defende também que é preciso incentivar a comunidade jovem a participar mais na comunidade. “Alhandra está muito envelhecida, era preciso tornais mais activa a comunidade jovem”, conclui.
Grupo de Alhandra integra memórias da comunidade em peças teatrais

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