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Hortas urbanas crescem na Póvoa de Santa Iria

Hortas urbanas crescem na Póvoa de Santa Iria

Às 80 que existiam, juntaram-se agora mais 120 nos Caniços e Quinta da Piedade. Uma excelente ideia para Manuel Silva, que as usa como ocupação, meio de economia e até terapia.

Manuel Silva, reformado da Caixa Geral de Depósitos, diz que o “trabalho” que faz na horta dos filhos, na Póvoa de Santa Iria, uma das novas 120 hortas comunitárias que se vieram juntar às já 80 existentes na área, serve-lhe de terapia, passatempo e até como medicação.Pelas 17h00 de uma quinta-feira, O MIRANTE foi encontrar Manuel a cortar verduras para combustão. “Tudo o que sai daqui serve para fazer um estrume fantástico e natural”, garante, entusiasmado com a tarefa. Manuel não teve direito a ficar com nenhuma das 120 hortas que foram a concurso, mas aos filhos - uma professora de português para estrangeiros e um professor em Alverca - calhou uma a cada. A dele na Quinta da Piedade e a dela nos Caniços. É Manuel que, sobretudo, cuida delas. “Eles acabam por não ter tanto tempo, mas passam cá muitas vezes e também sabem cuidar da terra”. O projecto levado a cabo pela Câmara de Vila Franca de Xira, inserido na rede Eco-bairros, com recurso a fundos comunitários, permitiu “arranjar esta zona, que estava cheia de barracas e pombais desorganizados, e transformá-la neste espaço que é extremamente útil”, explica. A iluminação provém dos painéis solares instalados ao lado, os passeios estão arranjados e a segurança não é problema, não havendo significativas queixas de roubos.“Feijão-verde, alfaces, tomates, cebolas, couves portuguesas, beterrabas e mais um molho de coisas, tiro tudo daqui para três casas. A minha e as dos meus filhos. Não compramos nada do que são produtos da época, sai tudo daqui”, assegura. Mas Manuel nem faz contas ao que poupa no supermercado. Prefere ver os outros benefícios.“Quando era mais novo tinha o colesterol a 170, depois passou para os 200 e agora, desde que ando aqui na horta, voltou aos 170. Sem dúvida que é da actividade que aqui tenho e do que daqui como. Além disso funciona como uma terapia. Acabei por fazer aqui amigos. Trocam-se experiências, conhecimentos e até produtos e sementes. Fazemos um pequeno mercado entre vizinhos”, brinca.Por todos estes benefícios, Manuel não tem dúvidas em considerar que esta foi uma “excelente iniciativa” e que devia haver ainda mais, “desde que haja quem queira”. Mas, avisa, ter a horta bem tratada e rentável não é pera doce. “Isto não cresce sozinho, dá muito trabalho. Para mim, que sou do Douro e estava habituado a trabalhar a terra até aos 16 anos, é como um regresso à juventude, depois de 42 anos a trabalhar”, conta o ex-fuzileiro, reformado da Caixa Geral de Depósitos que, há um ano, ganhou “uma nova vida”.Mas ainda há espaço para melhorias. “As caixas de armazenamento que temos são baixas. Se fossem ao alto, com um pequeno telhado, teríamos um local para mudar de roupa ou mesmo ir à casa de banho. Se o quiser fazer tenho de ir a casa, e fica bem longe daqui”, lamenta.
Hortas urbanas crescem na Póvoa de Santa Iria

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