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Pai e filho são adversários dentro de campo

Pai e filho são adversários dentro de campo

Futebolistas ribatejanos Paz Miguel, do Alcanenense, e Miguel Miguel, da União de Leiria, defrontaram-se este ano na série F do Campeonato Nacional de Seniores.

Paz Miguel tem 43 anos e está a cumprir a sua quinta temporada como futebolista no Alcanenense. Por opção, tem um passado integralmente ligado a equipas da Associação de Futebol de Santarém, nas quais, devido às suas características, sempre se impôs como líder. Esta época, viu o filho Miguel Miguel, de 19 anos, ter oportunidade nos seniores da União de Leiria, depois de várias épocas na formação do Benfica. As duas equipas disputam a série F do Campeonato Nacional de Seniores, pelo que se concretizou a oportunidade de se defrontarem. Nos quatro confrontos desta época entre Alcanenense e União de Leiria, pai e filho coincidiram em campo em dois: a 1 de Março, durante 31 minutos, e a 26 de Abril durante 17 minutos(em ambos Miguel Miguel entrou na segunda parte).“Acompanho o Miguel desde muito novo e nunca pensei jogar contra ele. Teve a infelicidade de não continuar no Benfica, saiu, procurou-se a melhor solução para ele e a melhor solução foi o Leiria. E foi assim que surgiu a oportunidade de nos podermos defrontar. Nunca imaginámos isto, nunca programámos isto mas é muito bom. Quando estou em campo e ele entra fico muito satisfeito. É gratificante para os dois”, diz Paz Miguel a O MIRANTE, prontamente secundado pelo filho. “Penso que qualquer jogador gostava de jogar contra o seu pai e poucos têm essa possibilidade. Os jogos contra o meu pai são mais especiais que os outros”, admite o jovem.Se fora do futebol um pai tudo faz para ajudar um filho, neste caso isso não pode acontecer. A rivalidade existe sempre, cada um quer ganhar ao outro e Paz Miguel até diz que dentro de campo olha para o filho como um jogador normal. Tudo em nome de um profissionalismo do qual se orgulha. “Nunca lhe posso facilitar a vida, porque dou sempre o máximo pelo clube que represento. Acima de tudo está o clube que representamos. Se isso acontecesse depois havia logo especulação e isso não pode acontecer no futebol. Temos de ter dignidade e sermos sérios e honestos naquilo que fazemos. E é isso que sempre fui. Temos de dignificar o nosso clube e acima de tudo dignificar o futebol”. No entanto, se um dia o filho marcar um golo ao Alcanenense, Paz Miguel diz que vai ficar contente por dentro. “Por fora não me posso manifestar”, lembra.Conselhos paternais escutados com atençãoOs conselhos, esses, ficam para depois dos jogos. Miguel Miguel encontra-se a viver em Leiria e só consegue estar em Torres Novas, onde moram os pais, à segunda-feira, dia de folga, regressando à sua segunda casa à segunda-feira à noite. É quando está em casa que aproveitam para falar. “Digo-lhe que tem de estar sempre motivado para cada treino, para cada jogo, porque só assim é que se consegue algo. Tem de trabalhar muito, ter muita dedicação e muito querer”. Miguel, consciente da importância dos conselhos do pai, diz que ouve sempre com atenção porque são para o “ajudar a evoluir”.E Miguel Miguel quer evoluir até conseguir singrar no futebol profissional, o seu grande objectivo. Concluiu o 12.º ano mas agora fez uma pausa nos estudos, que pretende retomar tirando um curso na área da fisioterapia ou do desporto. Se dentro de campo lhe falta, segundo o pai, “um bocadinho de alegria e agressividade”, fora das quatro linhas é um filho exemplar. “Como filho é espectacular, não tenho nada a apontar ao Miguel. É um miúdo humilde, amigo do amigo, dá-se bem com toda a gente, não cria problemas com ninguém, não dá problemas aos pais. É muito nosso amigo, está sempre do nosso lado”, revela Paz Miguel.Na próxima época ainda não está garantido que pai e filho se vão voltar a encontrar nos relvados. Paz Miguel tem 43 anos, pretende continuar a jogar mas não sabe em que equipa vai fazê-lo. Miguel Miguel tem contrato com a União de Leiria até 2018 mas também ainda não tem a certeza se continua. “Há pessoas atentas a ele, que o conhecem há muitos anos e que o acompanham. Ele não está esquecido”, garante o pai, acrescentando que o filho “tem todas as condições para singrar mas o futebol não é fácil. É preciso ter muita sorte”. Enquanto espera por contactos de outros clubes, considerando importante passar primeiro pela II Liga, Miguel Miguel conta-nos que o grande sonho seria regressar ao Benfica. Um sonho ambicioso mas não impossível.
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