uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Fulgurante Manuel Serra d’Aire

Temo que possa estar na forja uma nova guerra civil em Portugal, desta vez com origem em Santarém, cidade dada a grandes acontecimentos históricos de que são exemplo a reconquista aos mouros, as cortes, a coluna de Salgueiro Maia e a passagem pelos paços do concelho de el-rei D. Francisco Moita Flores. O conflito de que falo envolve um beligerante de peso, de nome Vasco Lourenço, famoso presidente da Associação 25 de Abril, e o presidente da Câmara de Santarém, o jovem Ricardo Gonçalves que ainda cá não andava quando foi o 25 de Abril de 1974. Na base do litígio está uma reportagem televisiva sobre o antigo quartel da Cavalaria e a atribuição da Ordem da Liberdade a Santarém.O coronel Lourenço considera a distinção à cidade imerecida devido à forma como o município tem tratado o antigo quartel da Cavalaria, mas eu desconfio que esse é um falso argumento com o qual o militar de Abril tenta dissimular os ciúmes que o acometeram por não ter sido ele o agraciado. E, na minha modesta opinião, tem toda a razão. Se há entidade que merece a Ordem da Liberdade é ele! Não por ser o presidente da Associação 25 de Abril mas, sobretudo, por personificar aquilo que a Revolução dos Cravos trouxe de melhor: a possibilidade de nos podermos expressar livremente mesmo que seja para dizer as maiores barbaridades ou para extasiar o país com episódios do mais sublime humor.Vasco Lourenço foi um capitão de Abril que merece a nossa admiração mas hoje é, sobretudo, um sobredotado entertainer que nos proporciona momentos de boa disposição e, com isso, nos leva por momentos para longe da amarga realidade que nos cerca e dos cavaleiros da triste figura que nos têm governado ou querem governar. Agradeço pois ao habitualmente pacífico presidente da Câmara de Santarém por ter replicado de forma firme, na esperança que Vasco Lourenço não se fique e responda a condizer, proporcionando mais um episódio desta picante novela.Tal como continuo à espera que o presidente da Assembleia Municipal de Torres Novas concretize o propósito de se demitir que já anunciou há seis meses. Penso que não há memória de alguém anunciar a sua renúncia a um cargo e depois deixar correr o marfim, não se demitindo nem comparecendo às sessões. Nem o ministro Paulo Portas demorou tanto tempo a decidir-se quando irrevogavelmente se demitiu e depois voltou atrás. Como diz a voz popular lá pelas margens do Almonda, António Rodrigues nem coisa nem sai de cima.Depois da Golegã e de Almeirim, também o Cartaxo pondera interditar estradas e caminhos municipais de campo ao trânsito, a pretexto da segurança e para evitar roubos nos campos agrícolas. Parece que nos outros locais a coisa deu resultado e por isso está a virar moda. No entanto não percebo por que carga de água só os agricultores têm direito a esta medida especial de dissuasão. É que roubos e assaltos nocturnos há em todo o lado, na cidade e no campo, e parece-me que, em nome da igualdade, deviam também encerrar as estradas urbanas. Mais: devia-se pura e simplesmente proibir a malta de andar na rua entre o pôr e o nascer do sol. Um recolher obrigatório em nome da segurança de pessoas e bens. Isso sim é que era! Despeço-me com uma continência do Serafim das Neves

Mais Notícias

    A carregar...