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“Sempre me pareceu errado haver dois politécnicos no distrito de Santarém”

“Sempre me pareceu errado haver dois politécnicos no distrito de Santarém”

Professor Santana Castilho considera que não faz sentido existirem dois politécnicos na mesma região e que estes não têm massa crítica para se impor no panorama nacional. Em declarações a O MIRANTE, o antigo director da Escola Superior de Educação de Santarém critica também os cursos de curta duração e a municipalização da educação.

A existência de dois institutos politécnicos - Santarém e Tomar - no distrito de Santarém é para o professor universitário e cronista Manuel Santana Castilho errada e desnecessária por não existir massa estudantil que justifique essa realidade. A opinião foi partilhada na tarde de quinta-feira, 7 de Maio, à margem da 53ª Assembleia de Investigadores do Centro de Investigação Joaquim Veríssimo Serrão (CIJVS), em Santarém, onde proferiu uma comunicação sobre “Educação, Portugal e o Mundo: Factos, políticas e prospectiva”.Na opinião do professor, “é preciso redimensionar a rede universitária através de mecanismos de fusão” que passem por exemplo, pela união dos politécnicos de Santarém e Tomar. Crítico da forma como estão organizados politécnicos e universidades, defende que o poder está demasiado partilhado e isso não pode ser uma desculpa para não se tomarem decisões.Presidente da Escola Superior de Educação de Santarém de 1986 a 1992, Santana Castilho acompanhou de perto a pretensão do professor Pacheco de Amorim, à data presidente da Escola de Conservação e Restauro de Tomar, de tornar essa escola independente e criar um politécnico na cidade do Nabão. Uma realidade que na altura fazia sentido, considera, mas que “hoje não se justifica”.Para Santana Castilho, os politécnicos de Santarém e Tomar “não têm massa crítica nem capacidade de abrir iniciativa para se imporem” no panorama nacional onde, genericamente, todo o ensino politécnico tem problemas em se afirmar. “Tudo o que o governo tem feito vai no sentido de tornar o politécnico num ensino superior de segunda categoria”, realça. Um bom exemplo disso, afirma, são os cursos técnicos superiores profissionais (ou de curta duração), que têm um plano de estudos de dois anos e não outorgam nenhum grau académico. “Estes cursos são um instrumento para conseguir desresponsabilizar o Estado do financiamento no ensino politécnico indo buscar verbas comunitárias”, critica.Professor de organização e gestão do ensino, Santana Castilho considera que o problema da educação é de natureza “estritamente política” e o futuro dos politécnicos não se avizinha risonho, considerando as “políticas altamente penalizadoras” decretadas pelo governo, nomeadamente ao nível do orçamento. Em ano de eleições, o ex-membro do VIII Governo Constitucional aguarda com expectativa as medidas que vão ser propostas pelos candidatos à Presidência da República no que toca à educação deste país que sofre de uma “partidarite aguda”.Dramática é a forma como Santana Castilho define o facto de muitos estudantes não terem contacto directo com as suas áreas de trabalho antes de terminarem as licenciaturas. Um problema que só se resolve, na sua opinião, ao colocar “à frente das decisões políticas pessoas que saibam daquilo que vão gerir” e que consigam definir um pensamento estratégico para a educação. “Não vale de nada dar preferências regionais se depois os jovens não encontram trabalho e as escolas não os formam de uma maneira criteriosa”, nota. A municipalização da educação é outra medida que não convence o professor que considera que “a gestão do ensino das nossas crianças é séria de mais para ser entregue a um autarca”.Santana Castilho é professor há mais de quatro décadas. Foi director da Escola Superior de Educação de Santarém e presidente do Instituto Politécnico de Setúbal e consultor do Banco Mundial, da União Europeia e da UNESCO em projectos educacionais de âmbito internacional. É cronista no jornal Público. No exercício de actividade liberal, foi consultor e formador de quadros de grandes empresas nacionais e multinacionais e director de várias revistas educacionais.
“Sempre me pareceu errado haver dois politécnicos no distrito de Santarém”

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