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“Um professor disse-me que em oftalmologia podia fazer milagres e eu nunca esqueci”

“Um professor disse-me que em oftalmologia podia fazer milagres e eu nunca esqueci”

Paulo Jorge Nunes, 46 anos, médico oftalmologista e cirurgião, Benavente

Paulo Jorge Ferreira Nunes dá consultas na Clínica Médica de Benavente e é cirurgião na Santa Casa da Misericórdia local. Foi para medicina por gosto e não se vê a fazer outra coisa. Faz milhares de cirurgias por ano e diz que não podia ter escolhido melhor profissão. Reconhece que a família é, muitas vezes, relegada para segundo plano por causa do trabalho. Quando tem tempo livre passa-o com a família. Pratica kitesurf e gosta de tocar piano.

Os meus pais nunca me pressionaram para ser médico, foi uma escolha minha. Quando era miúdo sempre quis ser médico e sempre tive muito jeito para trabalhos manuais. Fui para medicina porque gostava de ajudar pessoas. Hesitei entre oftalmologia, em que achava fascinante o facto das pessoas poderem começar a ver e cirurgia plástica, na parte funcional e reconstrutiva. Na faculdade um professor disse-me que a oftalmologia permite fazer milagres e isso determinou a minha escolha. Há pessoas que entram no bloco completamente cegas e saem de lá a ver. Através da cirurgia conseguimos modificar completamente a vida das pessoas. São os tais milagres de que falava o professor e eu faço milhares de cirurgias por ano. O que me atrai neste trabalho é o poder de devolver a visão a quem já a perdeu. A cirurgia de catarata é uma cirurgia com uma previsibilidade muito grande, se o doente não tiver outro tipo de patologias associadas sai do bloco operatório a ver. Há doentes que ficam ligados a nós para toda a vida. Este é um trabalho de muita responsabilidade, como tudo na vida. Aceito essa responsabilidade e consigo superar os insucessos. Temos de conhecer os nossos limites, explicar aos doentes o que vamos fazer e depois deixar a experiência falar. Tento sempre dar o meu melhor mas em alguns casos já tive complicações. Quando isso acontece devemos dizer a verdade ao doente. O meu sucesso é a sua alegria mas a sua tristeza também é minha. Esta é uma luta que fazemos juntos e da qual eu nunca desisto. Apoio sempre o doente. Nunca cruzo os braços nem o abandono. Sou uma pessoa que nunca descansa sabendo que os outros não estão bem. Tento tudo até ao impossível.Para ser cirurgião de retina temos de ser muito teimosos. Temos tido a felicidade de, nos últimos anos, se terem registado grandes progressos nesta área da medicina. Tive a felicidade de trabalhar no Hospital dos Capuchos com um homem que fez sentir-me o aprendiz mais sortudo do mundo, com o médico António Sampaio, um dos maiores especialistas do mundo nas ciências da retina. Devo-lhe muito porque muito aprendi com ele. O Ribatejo para mim é muito importante. Desde que vim para aqui trabalhar, há 18 anos, que me sinto atraído pela terra e sobretudo pelas pessoas. São muito queridas e simpáticas. É com muita satisfação que me vejo a crescer aqui, já me sinto com raízes e gosto de ver a terra a desenvolver-se. Era interno no Hospital dos Capuchos e um dia uma doente desafiou-me a ir para Benavente. O meu pai já tinha trabalhado aqui na região e achei que podia ser interessante. Essa doente arranjou-me o contacto de uma clínica que estava a nascer em Benavente e vim para cá. Além de operar em Lisboa também opero, desde 2011, no bloco de oftalmologia da Santa Casa da Misericórdia de Benavente, onde temos um dos blocos operatórios mais modernos do país. É um ex-líbris, tenho operado muitos doentes de todo o país, essencialmente da linha privada, de Sintra, Lisboa, Serpa, Beja e Tavira. É um orgulho ouvi-los dizer que foram operados em Benavente.Desligar do trabalho não é fácil mas sempre que posso faço kitesurf e toco piano. No kitesurf estou ainda a dar os primeiros passos (risos). No piano já toco desde a infância, cheguei a pensar ir para música mas depois o apelo da medicina falou mais alto. Não tenho um grande sonho na vida. Agora fui convidado para montar todo o hospital da Misericórdia de Serpa e é nisso que estou fortemente empenhado neste momento. Não estou nada arrependido de ter escolhido esta profissão. Sinto que tenho muito para dar. Sinto-me cheio de vigor e alegria. É fundamental ter alegria no trabalho. Sou um sortudo por fazer o que adoro fazer. É muito difícil conciliar o trabalho com a vida familiar. Como em tudo na vida temos que procurar o equilibro. É uma questão de bom senso. Filipe Matias
“Um professor disse-me que em oftalmologia podia fazer milagres e eu nunca esqueci”

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