Quando era pequeno e pensou no que queria ser quando fosse grande, sonhava em ser o quê?Vivo um sonho todos os dias que vou trabalhar. Todo o dia em que vou para o campo realizo o meu sonho de pequeno. Sou campino e é isso que gosto de fazer.O que é que lhe dá mais prazer nessa vida que escolheu?Tudo o que tem a ver com campinagem. Tenho imenso prazer em fazer tudo. Também a parte da Poisada do Campino, a que estou ligado há alguns anos, como campino e a tratar da parte das comunicações com os colegas campinos, é algo que me dá grande prazer. E agora estou também na organização da Feira de Maio, com outro colega.É casado?SimConheceu uma campina?Uma camponesa (risos), uma mulher do campo.Também é a sua mulher de sonho?Sim, claramente, todos os dias.Então faz questão de concretizar um sonho em todo o lado por que passa?Sempre. É o meu lema de vida: ser feliz. Mas já tive de sacrificar tanta coisa para conseguir ser feliz. Mas vale a pena, vale sempre a pena lutar.E o que é que vale a pena lutar para ter mais na zona do Ribatejo. Na sua área profissional e não só?Na minha área, na campinagem, as coisas estão a ficar muito complicadas. Nada é como antigamente. Antes cuidava-se melhor do campo, havia sempre mais pessoal. Agora não. É tudo incerto. Os patrões de agora, além da maneira como isto está, tentam sempre ter o menor número de pessoal possível.Mas se fosse patrão o que é que fazia?Se calhar fazia exactamente o mesmo (risos). Não é criticar, é ver os factos. Não podem ter três ou quatro, têm só um.Está habituado, portanto, a andar no meio do gado… Sim. Cavalos, toiros, gado manso, mais de 300 vacas mansas, mais de 100 vacas bravas e éguas. Tudo o que anda à solta na Herdade de Monte Cunha e Porto Seixo é comigo.O que é que faz quando não está na sua profissão?É praticamente só isso que faço. Dou volta ao gado, ponho brincos, quando há mais do que um guardo para a tarde. É só para aquilo.Tem filhos?Sim, tenho um casal.Então se não faz mais nada que ser campino, como é que arranjou tempo para fazer filhos?(risos) Naquele tempo não havia televisão! Depois lá tive de comprar uma, mas para os filhos estarem entretidos, que eu não preciso (risos).Já está reformado?Sim, ainda apanhei a reforma aos 65 anos. Agora já não é assim.Mudava isso se fizesse parte do governo?Sim, claramente. Para mais cedo. Acho que as pessoas trabalham demais, são muitos anos e depois não há tempo para mais nada, para gozar.Se encontrasse o primeiro-ministro Passos Coelho o que é que lhe dizia?Isso mesmo. Para antecipar a idade da reforma. Se calhar na altura saía mais alguma coisa (risos). Votou nele?(pausa) Por acaso votei neste primeiro-ministro! E estou bastante arrependido de o ter feito, mas também estou arrependido de ter votado nos outros todos. Nenhum deles fez qualquer bem para o povo. É só fazer mal. Primeiro enchem o bolso deles e depois lá tentam limpar-se.E os políticos aqui da terra também têm feito mal?Aqui não tem sido mau. Os presidentes de câmara aqui em Benavente não têm sido maus. O Carlos Coutinho tem sido bom, o que lá estava antes, o Ganhão, também. Ainda é da família, mas não é por isso que digo isto. São pessoas que se chegarmos ao pé delas e precisarmos de alguma coisa tentam fazer. O Hélio Justino, da junta, também.