Foi com “surpresa e orgulho” que Paulo Ferreira, antiga glória do ciclismo nacional e natural de Vialonga, viu regressar a Volta a Portugal em bicicleta ao seu concelho. “Vejo com muito orgulho o município reconhecer esta modalidade que é tão querida para mim. Comecei a andar de bicicleta há 45 anos e agora vejo a modalidade ser acarinhada pelas pessoas, sobretudo num concelho que não era muito vocacionado para esta modalidade. Nos últimos anos era apenas a terra dos toiros e toureiros mas felizmente as coisas mudaram para melhor”, refere a O MIRANTE.Paulo Ferreira foi o único atleta do concelho de Vila Franca de Xira a ganhar a uma etapa da Volta à França, em 1984, na etapa Béthune e Cergy-Pontoise, que é uma das provas mais difíceis para um ciclista. Dedicou a vitória a Joaquim Agostinho, falecido dois meses antes e que Paulo considerava ser “o pai” da equipa de ciclismo do Sporting. “Foi a vitória mais empolgante e emocional da minha vida”, recorda. Além de outras vitórias pessoais - várias vezes campeão nacional de pista, vencedor do Grande Prémio Jornal de Notícias, de várias etapas da Volta a Portugal e de metas volantes - o seu nome fica também marcado à Volta ao Alentejo, por ter sido o seu primeiro vencedor. Em 1986 foi segundo classificado na Volta à Africa do Sul.“Receber a volta a Portugal é um evento que não está ao alcance de todos os municípios e em boa hora a Câmara de Vila Franca de Xira agarrou essa oportunidade”, defende. Paulo vai acompanhar a volta do lado de fora, onde diz que há menos nervos e mais tempo para apreciar a paisagem.“Nunca é tarde para a Volta regressar a Vila Franca de Xira e às vezes quando as coisas têm um interregno grande é quando sabem melhor e chegam com ainda mais força”, refere. O vialonguense, que começou a pedalar numa pasteleira, vive hoje na Amadora e é mecânico de profissão. Correu por vários clubes mas o primeiro onde vestiu a camisola foi nos Dragões de Povos, clube já extinto. Pedalou pelo Labrugeira, Bombarralense e Lousã mas as suas maiores glórias foram alcançadas ao serviço do Sporting e do Louletano. A carreira chegou ao fim precocemente depois de ser atropelado, enquanto pedalava, no que é hoje o IC19. Continua a ser um apaixonado pelas bicicletas e pelo seu concelho.“Infelizmente em Vila Franca de Xira os ciclistas que queiram apostar mais têm de ir para o Oeste, para as zonas de montanha e de Sobral ou Torres Vedras, porque andar na Estrada Nacional 10 é muito perigoso. Há poucas zonas onde pedalar em segurança. O passeio ribeirinho foi bom, para as famílias e para a iniciação, mas para o cicloturismo a sério não dá”, opina.