O município de Vila Franca de Xira está a negociar com o administrador de insolvência e com os credores da extinta empresa Cimianto a compra de uma parcela de terreno com nove mil metros quadrados, junto a Alhandra, para poder construir um campo de futebol para o Alhandra Sporting Club.A informação foi avançada pelo presidente do executivo, Alberto Mesquita, em reunião pública de câmara. O futuro campo de futebol será a solução que permitirá acabar com o velho campo da Hortinha, que já não tem condições para a prática desportiva. “O administrador de insolvência está disponível para fazer o destaque do terreno que precisamos, os artigos 5 e 2, mas os valores que estão a pedir, para já, não são aceitáveis. É preciso fazer uma avaliação do terreno porque não podemos estar a adquiri-lo por valores que não fazem sentido”, explicou. O MIRANTE sabe que os valores pedidos são “muito superiores” aos 400 mil euros que a câmara tem disponível para fazer as obras no futuro campo de futebol. “A câmara comprometeu-se com o clube a adquirir o terreno e é isso que faremos se os valores forem adequados. Quanto ao apoio à construção, a câmara irá disponibilizar os 400 mil euros para o clube fazer as obras. O compromisso que existe será honrado”, garantiu Alberto Mesquita.O autarca diz que “em breve” apresentará uma proposta em reunião de câmara sobre a compra de parte do terreno da Cimianto, caso haja uma base negocial válida. O terreno em causa tem vários materiais enterrados no subsolo resultantes da laboração da fábrica, que trabalhava com fibrocimento e entrou em insolvência em 2011. “A direcção do Alhandra Sporting Club garante-nos que os materiais estão debaixo de água e que por isso não representam um problema”, explicou o autarca.A compra de uma parte dos terrenos da Cimianto para fazer o campo do Alhandra Sporting Club é um imbróglio antigo que, apesar dos vários avanços e recuos, nunca teve solução. Entretanto centenas de crianças continuam a praticar desporto no campo antigo, sem condições, pelado e que fica inundado sempre que chove com mais intensidade.Em 2013, recorde-se, as instalações da empresa Cimianto foram colocadas à venda por oito milhões de euros. Além do terreno total (com cerca de 98 308 metros quadrados) a venda incluiu também a unidade fabril de produção de fibrocimento, os moldes, maquinaria, lista de clientes e lista de fornecedores. O processo de insolvência correu no Tribunal do Comércio de Lisboa depois de a empresa ter parado a produção de telhas e outros materiais de fibrocimento para a construção civil em Maio de 2009. Na altura a Cimianto acumulava dívidas de 10 milhões de euros.Seguiu-se um atribulado plano de viabilização, onde o então presidente do conselho de administração, Manuel Oliveira, pretendeu vender à Câmara de Vila Franca três hectares de terreno da empresa para salvar a fábrica mas o negócio não se concretizou por falta de acordo. O agravar da crise económica e a contracção do mercado da construção deram o golpe de misericórdia na empresa.A Cimianto acabaria por entrar em insolvência no final de 2011, despedindo os seus 85 trabalhadores. Fundada em Setembro de 1942, foi durante décadas uma das maiores empresas do concelho de Vila Franca de Xira.