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Brasileiros preparam em Rio Maior os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro

Brasileiros preparam em Rio Maior os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro

Selecção brasileira de triatlo fez do Centro de Alto Rendimento da cidade a sua base

Pâmella Oliveira, uma das melhores triatletas do mundo, escolheu Rio Maior para viver há mais de quatro anos e já se sente um pouco da terra onde também estuda, na Escola Superior de Desporto. “Em condições de treino, para mim, é o melhor lugar do mundo”, afirma.

Um protocolo entre o Centro de Alto Rendimento de Rio Maior e a Confederação Brasileira de Triatlo/Comité Olímpico Brasileiro, permite que vários atletas preparem na cidade a sua participação nos Jogos Olímpicos de 2016, que vão decorrer no Rio de Janeiro. Os primeiros triatletas vieram em Janeiro de 2011, mas a maioria já voltou a casa e deu lugar a outros, num sistema de rotação de atletas. A única que se mantém desde o início é Pâmella Oliveira, 27 anos, nascida em Vila Velha e estudante de Treino Desportivo na Escola Superior de Desporto de Rio Maior. Pâmella é uma das melhores triatletas do mundo, como atesta o terceiro lugar nos Jogos Pan-Americanos em 2011 ou o oitavo lugar na final do Campeonato do Mundo de 2014. Nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, já ia com a ambição de um lugar nas 10 primeiras mas ficou em 30º depois de cair na prova de ciclismo. A sargento do exército brasileiro, condição que utiliza apenas para competir em provas militares, vive há quatro anos e meio no Centro de Alto Rendimento de Rio Maior. Revela que de início não queria vir, por não querer trocar o certo pelo incerto, mas acabou convencida pelo “profissionalismo” de Sérgio Santos, o português antigo treinador de Vanessa Fernandes e que agora orienta os brasileiros. Agora, não se arrepende. “Rio Maior é um lugar muito tranquilo. No Brasil diríamos que isto aqui é roça (campo). Não tem praia, não tem shopping mas é bom ser assim. Já que vim para treinar, é bom não ter tanta distracção. Em condições de treino, para mim, é o melhor lugar do mundo. No Brasil não temos acesso a muitos lugares com o tipo de infraestruturas que temos aqui”, afirma. Adaptação não foi fácilA triatleta assume que, quando chegou, teve algumas dificuldades de adaptação. “Estranhava um pouco a diferença de culturas. Na América do Sul as pessoas são muito ‘calientes’ e aqui há um lado muito frio, muito europeu. Quando cheguei havia coisas que me faziam confusão, principalmente as diferenças na maneira de falar. Agora percebo tudo, até as piadas, e sei quando as pessoas estão a falar a sério ou a brincar. Mas antes tudo parecia muito sério, muito ríspido, muito triste, muito mal humorado”, confessa.Com treinos muito intensos de natação, ciclismo e corrida, Pâmella Oliveira tem pouco tempo para lazer mas, ainda assim, diz que costuma ir pelo menos uma vez por ano às Tasquinhas de Rio Maior e que conhece algumas tradições ribatejanas, como as largadas de toiros. “Para mim é uma coisa surreal porque na minha cultura é completamente proibido. Mas é engraçado, nunca tinha visto nada parecido”, revela. Amizades é que não fez muitas porque diz que está fechada na “bolha” do Centro de Estágio ou a viajar. Ainda assim, já teve um namorado português, membro da equipa do treinador Sérgio Santos, que actualmente é um dos seus melhores amigos. “Nunca tinha imaginado ter um namorado português, até porque não vim com esse intuito”, explica. Baseada em Rio Maior e viajando um pouco por todo o mundo devido às provas, sobra pouco tempo a Pâmella para conhecer Portugal. Conhece Santarém, Lisboa, Cascais e o Algarve, que a faz lembrar um bocadinho o Brasil, e tem curiosidade de conhecer o norte. Uma coisa é certa: quando terminar a estadia em Rio Maior, em 2016 ou em 2020, vai voltar ao Brasil, visto que ficar a viver em Portugal não entra nos seus planos.“Não me vejo a viver aqui mas com certeza que vou voltar. Ainda não sei como vai ser depois de 2016, mas se fizer mais um ciclo olímpico talvez volte para cá. Não sei se a tempo inteiro ou só em determinadas fases”. O certo é que Rio Maior não vai deixar de ter atletas brasileiros, visto que alguns juniores já se encontram na cidade a preparar os Jogos Olímpicos de 2020 e 2024.O sonho da medalha Desportivamente, o que mais marcou a carreira de Pâmella Oliveira até ao momento foi a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos em Guadalajara, no México, em 2011. Embora um lugar nas 10 primeiras seja o objectivo inicial, uma medalha é também o seu sonho para a prova de triatlo dos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro. “Estou com o pensamento num lugar o mais perto possível do pódio. Se tudo correr bem e um grupo pequeno conseguir isolar-se, eu tenho grandes condições até de ser top 5 e, quem sabe, chegar aos últimos quilómetros a lutar pelas medalhas”. O facto dos Jogos se realizarem “em casa” não constitui para a atleta um factor adicional de pressão. “Para mim é uma ajuda”, garante.Antes desse objectivo, que se pode considerar o objectivo de uma vida, Pâmella tem competições importantes no que resta de 2015, como os Jogos Pan-Americanos em Toronto, Canadá (em Julho), o “test-event” no Rio de Janeiro, no dia 2 de Agosto (no mesmo percurso dos Jogos Olímpicos), a final do Campeonato do Mundo de Triatlo em Chicago, Estados Unidos (18 de Setembro), e os Jogos Militares, em Outubro, em Mungyeong, Coreia do Sul.Em relação ao triatlo português, a brasileira reconhece que é mais forte que o brasileiro, pelo menos no lado masculino, e que João Pereira, João Silva e o alpiarcense Miguel Arraiolos “estão muito fortes para os Jogos”. Do lado feminino, é inevitável falar de Vanessa Fernandes: “Para chegar onde chegou tem de ser mesmo muito talentosa e muito especial. Já ouvi falar no feitio dela, que era muito aguerrida, muito determinada. Acho que foi isso que a fez ser a atleta que foi”, considera.
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