Cidades
Os governos falam, as cidades atuam. Este é um dos bons ensinamentos que nos chegam de Copenhaga através de um excelente trabalho do jornal espanhol El País. Copenhaga é um exemplo vivo e prático de sustentabilidade. Um exemplo exportável que deve ser replicado e adaptado a cada uma das nossas terras. Esta adaptação está a ocorrer nalgumas outras cidades. Muitas, muitas vezes tenho usado esta coluna para exaltar o local e esquecer tudo o que está para além deste espaço e tempo. Chega de razões esfarrapadas para não fazer: o Governo, o sermos pobres e eles (neste caso os dinamarqueses) serem ricos, etc. É curioso que também os dinamarqueses se queixam dos políticos e da partidocracia e afirmam com clareza: “não se trata só de uma aposta dos partidos, é uma exigência social. O que podemos esperar dos políticos? Todas as grandes mudanças vieram de baixo”. Seja como for, há um pacto de regime entre todos os atores políticos (da oposição ao governo local) até 2025 para levar por diante a “revolução verde”.Os exemplos que se descrevem são muitos e evidenciam que a estratégia verde assumida vai muito para além de uma opção ecologista, traduz-se em bem estar social e riqueza; nos últimos 30 anos, o PIB da Dinamarca quase duplicou. Muito curiosa é a informação de que Copenhaga nunca teve um plano geral. Obviamente, atua-se com consciência e bom senso em cada situação e o somatório de parcelas positivas só pode ser duplamente positivo. Compare-se com o que se passa em Portugal, onde uma floresta de planos e regulamentos se sobrepõem, anulam e complicam o desenvolvimento sustentado e equilibrado do território.Se é possível em Copenhaga, por que não o é em Santarém ou Torres Novas? Antes pelo contrário, aqui, nesta abençoada terra, é muito mais viável. Temos muito melhores condições para o conseguir. Porque não o fazemos? Quem decide por nós para que assim não seja? Claramente, o nosso conformismo e passividade. Por que razão nos havemos de conformar? É tempo de, localmente, os atores essenciais, com o governo local à cabeça, aproveitarem este tempo de ruptura com um modo de vida insustentável, sem retorno, e nos possibilitem saltar um conjunto de degraus na escada que nos conduz a uma vida mais rica e feliz. É possível, incontornável, uma relação positiva entre bem estar, atividade económica e ambiente. Chegámos a um ponto de onde não há retorno sem uma mudança substancial que devemos, enquanto é tempo, abraçar. “É muito importante pensares o que podes fazer e qual pode ser o teu contributo”: provavelmente esta é a melhor das mensagens que o magnífico exemplo do norte da Europa nos traz.Carlos A. Cupeto
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