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Um empresário que é apaixonado por motas

Um empresário que é apaixonado por motas

João Simões é sócio-gerente da Moto Reparadora de Marinhais há 28 anos

Quem o quiser apanhar basta deslocar-se à oficina, onde está todos os dias, incluindo sábados e domingos. O empresário confessa que o negócio está mau mas, com força de vontade, têm conseguido “aguentar o barco”.

João Simões tem 72 anos mas o espírito continua o de um jovem. Apaixonado por motas, ainda gosta de sentir o vento a bater no rosto e a adrenalina da velocidade. Nem o acidente de mota, aos 25 anos, que o atirou para uma cama de um hospital durante três meses, com três vértebras partidas, lhe incutiu o medo. Sócio-gerente da Moto Reparadora de Marinhais, na Estrada Nacional 118, trabalha com aquilo que mais gosta: motorizadas. No entanto, foram vários os ofícios que teve até criar a sua própria empresa nessa vila do concelho de Salvaterra de Magos. Começou a trabalhar aos 13 anos, depois de concluir a quarta classe. “Sentia que podia ter ido mais adiante nos estudos mas naquela altura estava farto de escola e queria ganhar dinheiro por isso fui trabalhar”, recorda.O primeiro emprego que teve foi como ajudante de serralheiro. Tinha que dar ao fole que, na altura, era à mão e dava muito mais trabalho. Depois a mãe arranjou-lhe emprego na quinta de um agricultor. Como este trabalho não o seduziu foi trabalhar com um tio que morava em Fazendas de Almeirim. Aprendeu o ofício de correeiro e começou a arranjar bicicletas e motas. Ainda esteve três anos à frente da empresa. Em 1964 foi mobilizado para a guerra colonial na Guiné. Esteve dois anos e meio em África e, apesar de tudo, guarda boas memórias desses tempos. “Foram dois anos e meio muito complicados, é difícil falar mas há boas memórias que ficaram gravadas e não se apagam. É a incerteza de não se saber se vamos regressar com vida ao nosso país. São emoções complicadas de gerir e de falar. Já tive oportunidade de voltar à Guiné mas optei por não ir”, conta a O MIRANTE.Quando regressou a Marinhais arranjou emprego num armazém da terra, onde trabalhou durante 20 anos. Em 1987, quando a empresa passou por grandes dificuldades e teve que despedir trabalhadores, João Simões foi um dos que saiu. Os filhos já tinham criado a Moto Reparadora e João Simões foi ajudá-los e hoje gere a pequena empresa com os seus herdeiros. Quem o quiser apanhar basta deslocar-se à oficina, onde está todos os dias, incluindo sábados e domingos. Reparam motorizadas, bicicletas, moto-quatro, máquinas agrícolas, corta-relvas, entre outras pequenas máquinas agrícolas.O empresário confessa que o negócio está mau mas, com força de vontade, têm conseguido manter o ‘barco’. “O negócio de reparação de motas esteve parado durante meia dúzia de anos mas de há uns tempos para cá as pessoas foram desenterrar as motas antigas que tinham para lá esquecidas nos barracões e mandam-nas arranjar. Temos reconstruído muitas dessas motas antigas”, refere, enquanto explica que neste momento está a reconstruir uma mota que tem quase a sua idade.Nos tempos livres dedica-se à caça, à sua horta e também planta árvores de fruto. João Simões faz tudo o que o ajude a passar o tempo e a manter-se activo. Garante que só vai parar quando morrer. No entanto, o que mais lhe dá prazer fazer nos tempos livres é pegar na sua lambreta, de 1953, e ir aos encontros de motas antigas. Andar de mota é algo que também quer fazer até morrer. Em conjunto com o seu filho mais velho tem mais de uma centena de motas antigas e não se consegue desfazer de nenhuma. Confessa que quando teve o grave acidente de mota na estrada que liga Benavente a Salvaterra de Magos ainda pensou em desistir das motas, mas quando teve alta do hospital e recuperou perdeu o medo de voltar a sentar-se em cima de uma motorizada. “É uma paixão inexplicável. É uma adrenalina tão boa que me faz sentir vivo e não consigo abdicar dela”, confessa.
Um empresário que é apaixonado por motas

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