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“O bom senso é essencial para todas as actividades”

“O bom senso é essencial para todas as actividades”

José Afonso, 50 anos, administrador da Hydraplan, Alverca do Ribatejo

Quando era jovem José Afonso queria ser veterinário. Não foi esse o seu destino profissional. Actualmente é um dos três administradores da Hydraplan em Alverca. A venda e manutenção de pesados é o “core business” da empresa. Nos tempos livres gosta de fazer fotografia e mergulho com garrafas. Elege o bom senso e a honestidade como as características chave no mundo dos negócios. Está sempre contactável para a empresa e os clientes mas consegue desligar-se do trabalho com facilidade.

Na Hydraplan somos um grupo de amigos. Todos temos experiência neste ramo e fundámos a empresa, há dez anos, porque achámos que conseguíamos fazer melhor do que nos sítios onde trabalhávamos. O foco da empresa são os veículos pesados, camiões e autocarros. É um negócio interessante e com alguma rentabilidade.Alverca é uma cidade interessante para o nosso negócio. Não está longe dos centros urbanos e está bem servida de acessibilidades, com auto-estradas e rápidas ligações a sul e norte de Portugal. Além de Alverca estamos também em Loulé e em Mérida, Espanha. Temos à nossa responsabilidade toda a zona centro e sul do país e a Estremadura espanhola.Gosto de gerir pisando devagar mas pisando firme. Não temos tido um crescimento explosivo mas sim um crescimento sustentado. Estávamos em antigas instalações na Estrada Nacional 10, no Sobralinho, e quando precisámos de crescer começámos a procurar alternativas. Foi então que encontrámos este pavilhão em leilão (ex-Dustrimetal) e avançámos. Foi uma mudança positiva. Diversificámos a aposta para os veículos comerciais Volkswagen e os automóveis Mazda. Certificámos a empresa para podermos fornecer também bens e equipamentos de defesa para alguns veículos militares do exército que temos nas nossas oficinas. O nosso cliente mais emblemático é a Carris, temos nesta altura 150 autocarros da Carris com contrato de manutenção e reparação. Temos duas equipas a trabalhar em duas oficinas da Carris a tempo inteiro, 24 horas por dia. Trabalhar com amigos na gestão torna o trabalho mais fácil, sobretudo se forem pessoas competentes como é o caso. Estamos a sair da crise mas não é garantido que não seja um falso alarme. Não acho que o nível de incerteza seja maior agora que o ano passado. Mas as coisas estão com um tom mais positivo do que anteriormente. Estamos muito condicionados ao que se passa lá fora. Temos de arranjar forma do país não voltar outra vez a endividar-se rapidamente com excesso de consumo. Talvez o país pudesse estar melhor se fosse governado por um empresário. Mas também é verdade que há empresários bons e maus. Seja como for há princípios da gestão das empresas que são universais e podem ser usados na gestão do país. O princípio do bom senso é essencial para tudo.A honestidade também é fundamental porque sem ela não se estabelece uma relação de confiança. A confiança é muito importante nos negócios. Por mais contratos que se façam, se as pessoas não forem confiáveis dificilmente as coisas funcionam e resultam. Não durmo com a empresa mas por vezes não me consigo separar dos problemas e levo-os comigo. Apesar de tudo não sou do tipo de me andar a martirizar. De uma maneira geral estou sempre disponível para a empresa. Não deixo de atender quando estou fora da empresa, o que não quer dizer que vá para a cama a pensar nos problemas do dia-a-dia. É verdade que de vez em quando aparece um daqueles problemas que não dá para tirar da cabeça mas no geral isso não me acontece.Gosto de ocupar os tempos livres a fazer fotografia e mergulho com garrafas. Gosto de fotografar desde a juventude, tenho hoje mais máquinas do que aquelas de que preciso, infelizmente (risos). Gosto de captar sobretudo imagens de animais e tirar fotos a preto-e-branco. Normalmente aproveito a altura das férias para fazer isso. Durante o ano não tenho tempo. Gosto de mergulho porque gosto de actividades ligadas à natureza e porque vivemos num mundo que é maioritariamente composto por água. A maioria de nós corre o risco de morrer sem ter conhecido essa parte do mundo. Aqui em Portugal a água não é muito boa para o mergulho porque não tem muita transparência. Mergulho há sete ou oito anos. Normalmente em Sesimbra ou nas Berlengas mas onde mergulho mais vezes é nos Açores, aproveito quando vou lá de férias.Digo, a brincar, que sou um alentejano desterrado. Sou de Portalegre e passei lá uma infância fantástica. Vim para a zona de Lisboa aos 18 anos para estudar. Quando era miúdo gostava de ter sido veterinário, mas acabei como engenheiro mecânico, estudei no Instituto Superior Técnico e acabei por ficar por cá. Escolhi a área de engenharia mecânica porque também sempre gostei de automóveis e máquinas. Não foi um curso fácil mas não estou arrependido. O meu primeiro emprego foi como bolseiro num projecto de investigação. Era um projecto para optimizar estruturas de materiais compósitos em navios de pesca. Hoje não me imagino a voltar ao Alentejo. Mas não sou um alentejano desiludido. Quando nascemos alentejano nunca deixamos de o ser. Mesmo que percamos o sotaque, nunca perdemos o jeito.
“O bom senso é essencial para todas as actividades”

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