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Da vida de emigrante ao negócio em Alcanena

Da vida de emigrante ao negócio em Alcanena

José Gordo fundou a Casa Gordo há 29 anos, depois de ter estado vários anos a trabalhar no estrangeiro

Começou a trabalhar numa mercearia e taberna em Ourém aos 12 anos. Depois emigrou para Angola e ainda passou pela Suíça antes de regressar e estabelecer-se em Alcanena. O negócio na área dos materiais de construção já esteve melhor, mas vai dando para viver.

José Gordo, 65 anos, é o exemplo de homem que nunca teve medo de trabalhar e procurou sempre uma vida melhor. Aos 12 anos teve o seu primeiro emprego, na Corredoura, à entrada de Ourém, numa mercearia e taberna. Fez de tudo um pouco, incluindo servir copos de vinho aos clientes. Ainda trabalhou noutra mercearia, no concelho de Ourém, mas aos 15 anos resolveu emigrar para Angola sozinho. “Naquela altura os meus amigos iam muito para França mas nunca tive vontade de ir para esse país, por isso optei por Angola e foi o melhor que fiz”, recorda.Em Angola trabalhou na mesma área de mercearia. Esteve lá durante dez anos. Sete a trabalhar e três a cumprir o serviço militar. Foi naquele país africano que concluiu o 6º ano - depois de terminar a 4ª classe começou logo a trabalhar - e conheceu a sua esposa, natural de Mirandela, Trás-os-Montes, com quem está casado há mais de quatro décadas. Regressou a Portugal quando começaram os conflitos. “Se não fosse a guerra tinha lá ficado e quem sabe ainda lá estaria hoje. Foram os melhores anos da minha vida”, lembra. Natural de Santa Catarina da Serra, Leiria, José Gordo foi trabalhar para uma empresa de materiais de construção em Fátima, que fica a apenas três quilómetros da sua terra natal.Esteve lá dez anos até que decidiu emigrar para a Suíça, onde viveu cinco anos. Trabalhou na área da restauração e não esquece o dia em que ficou de serviço na cozinha do restaurante onde trabalhava e um casal de clientes fez questão de falar com o dono sobre o cozinheiro. “Pensávamos que os senhores iam reclamar da comida mas na verdade quiseram elogiar-me porque adoraram o arroz de borrego que comeram confeccionado por mim. Deram-me cem francos de gratificação e ainda ofereceram garrafas de vinho”, conta entre risos. Quando emigrou para a Suíça o objectivo era ganhar mais dinheiro mas sempre teve o desejo de regressar ao seu país.Cinco anos depois voltou a Portugal e surgiu a oportunidade de começar um negócio em sociedade em Alcanena, na área dos materiais de construção. Entretanto, ficou à frente do negócio sozinho e a Casa Gordo já existe há 29 anos, assinalados este mês de Janeiro. A Casa Gordo vende todo o tipo de materiais de construção civil. Azulejos, banheiras, lava-loiças, cabines de chuveiro, mosaicos e barbecues são alguns dos muitos materiais disponíveis para venda. Além disso, na loja que tem um espaço de cerca de 1000 metros quadrados, onde estão em exposição os produtos para venda, há também a loja de retalhos que dispõe de tintas e outros utensílios e ferramentas necessários à construção civil.Apesar de nem sempre ter sido fácil, José Gordo garante que valeu todo o sacrifício feito ao longo da vida e ter voltado e apostado no seu próprio negócio. Os últimos anos não têm sido fáceis, sobretudo com a crise financeira que afectou a área da construção civil. No entanto, garante que aos poucos, “muito lentamente”, as coisas vão melhorando. O mais difícil do negócio é lidar com os clientes que não pagam. “Tenho muitos e bons clientes que são fiéis à Casa Gordo mas também há aqueles que preferem esquecer que têm que pagar e a empresa também tem as suas obrigações a que não pode falhar”, afirma.O seu dia é passado na loja ao lado da mulher e da filha que, um dia, ficará a gerir a empresa. José Gordo já fala em reformar-se mas admite que nunca vai deixar de ir à loja diariamente. Trabalhar em família significa levar o trabalho para casa. Nos tempos livres gosta de caçar. O que caçam normalmente é cozinhado por si e pelos amigos que se juntam em confraternização. Todas as sextas-feiras tem um almoço de amigos. Além disso, também integra a Confraria Os Serranos, da sua terra natal, onde sempre que se juntam dão um dinheiro a mais do que o custo do jantar. Esse dinheiro vai para o banco e quando é preciso ajudam pessoas carenciadas da terra.
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