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Uma corrida de toiros sem o som do pasodoble não fica completa

Uma corrida de toiros sem o som do pasodoble não fica completa

Colóquio em Samora Correia juntou figuras da festa e aficionados

Toureiros falaram para um auditório lotado da importância das bandas e dos pasodobles durante as corridas de toiros.

É impensável realizar-se uma corrida de toiros sem a presença das bandas de música e o som dos pasodobles, considerados elementos indispensáveis da festa e uma mais-valia para o ambiente taurino das praças. Esta foi a principal conclusão emanada de um colóquio promovido em Samora Correia pela Sociedade Filarmónica União Samorense (SFUS) na tarde de sábado, 23 de Janeiro, onde se juntaram figuras do toureio, músicos, directores de corrida e aficionados.Entre os objectivos do colóquio, que teve casa cheia, estava perceber até que ponto o papel da música e das bandas é valorizado pelos toureiros, se a música perturba a actuação e se é usada em demasia a pedido do público. No ar ficou a certeza de que para os toureiros a música é fundamental. O matador vilafranquense Mário Coelho, toureiro com 60 anos de carreira, resumiu o papel da música numa citação do compositor Agustín Lara: a música é o sangue que corre nas veias dos toureiros. “Há uma transmissão de beleza, o pasodoble toca-nos profundamente. Uma corrida de toiros sem pasodobles e mulheres não existia”, defendeu o maestro, lembrando que apesar de haver muitos pasodobles nem todos transmitem beleza e alma. No toureio a cavalo a música também é apreciada. António Ribeiro Telles lembrou que os toureiros “só devem ter música quando a merecem” e que não se deve generalizar o uso de música na lide. “Ouvir a música inspira-me, a música é importante e também acalma os cavalos. Há mesmo quem a use no picadeiro enquanto treina os cavalos. Toiros sem música não se completam”, defendeu. Opinião diferente tem Ricardo Pereira, director de corrida, que defende que “o público é importante” e que “de vez em quando” é preciso aceder ao pedido de quem paga o bilhete e mandar tocar a banda. “Mas deve ser um prémio que se dá quando se consegue um conjunto harmonioso, as praças não são todas iguais, é preciso equilíbrio”, refere.Já o fadista Rodrigo Pereira notou que “tauromaquia sem pasodoble não é tauromaquia” mas notou que em determinados momentos de uma corrida o fado também pode ter lugar. “Como num intervalo ou numa volta à arena, mas o fado não nasceu para os toiros”, notou. O fadista confessa não gostar do toureio a pé com a banda a tocar. “Gosto de ouvir o toureiro a falar com o toiro, gosto do silêncio”, confessou.Manuel Telles Bastos, cavaleiro tauromáquico neto do mestre David Ribeiro Telles, disse em jeito descontraído que quando um toureiro ouve a música “já sabe que a lide encarrilou” e isso ajuda a descomprimir um pouco. “A música é o primeiro prémio da noite que um toureiro deve ter”, diz. Para o jovem toureiro uma memória que o assalta é ver entrar na Palha Blanco em Vila Franca de Xira a banda do Ateneu Vilafranquense durante o Colete Encarnado. “A praça tem uma acústica fantástica, quando estamos a aquecer e ouvimos a banda a entrar é de arrepiar, traz ao de cima o melhor de nós”, revela. O maestro Mário Coelho deixou também críticas à forma como são organizadas actualmente as corridas em Portugal, sobretudo no que diz respeito ao tempo que demoram. “Vi um cavaleiro que colocava um ferro e dava quatro voltas à arena, isso não é bonito. Sou um aficionado com 60 anos de carreira mas evito assistir a algumas corridas, é mau demais, não há respeito pelo público”, vincou.O colóquio contou ainda com a actuação da banda da SFUS e uma inédita sessão de fado cantada por Rodrigo Pereira, acompanhado apenas pela banda.
Uma corrida de toiros sem o som do pasodoble não fica completa

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