Jacqueline Henriques nasceu no Canadá há 53 anos. Os pais são portugueses que emigraram nos anos 50 do século passado. Vinham passar férias a Portugal e Jacqueline acompanhava-os. Aos 18 anos conheceu o actual marido e deixou tudo no Canadá para se casar e viver em Portugal. Jacqueline vive em Alcanena, terra natal do marido e onde também tem familiares. Em Julho do ano passado abriu a “Sonetos do Tejo”, uma casa de turismo rural em Vila Nova da Barquinha. Abrir um negócio ligado ao turismo já era um sonho antigo.Os primeiros tempos de adaptação ao Ribatejo não foram fáceis. “As pessoas desta zona são muito metediças na vida dos outros” e “isso era uma coisa a que não estava habituada no Canadá”. As estradas da região eram uma aventura para Jacqueline que estava habituada a “estradas sem buracos no Canadá”, conta a empresária do ramo hoteleiro. O marido montou um negócio na área dos químicos para curtumes e Jacqueline acabou por tirar um curso de gestão de empresas para ajudar o seu marido na empresa que abriram em 1992 em Alcanena, mas primeiro, como diz meio a brincar, “despachou a parte familiar”: casou, teve duas filhas e só depois é que se formou. É Jacqueline que trata de toda a parte administrativa da empresa.Jacqueline Henriques sempre teve o sonho de criar alguma coisa ligada ao turismo e diz que “Portugal está virado para este negócio, é só saber aproveitar as oportunidades”. O motivo da escolha para abrir a Casa de Turismo “Sonetos do Tejo” em Vila Nova da Barquinha teve a ver com o facto de não ser muito longe de Alcanena, porque continua a tratar da parte administrativa da empresa em Alcanena, e por ser um sítio central com bons acessos e uma localidade bastante calma e bonita o suficiente para atrair turistas”. Diz que os portugueses têm que se habituar a procurar as belezas do nosso país, e dar-lhes valor. Jacqueline Henriques adora “a pacatez do campo e este país, talvez por não ter sido criada aqui”, refere. Deixou que as duas filhas, de 31 e 23 anos, crescessem e em Julho do ano passado entendeu que era a altura ideal para montar o seu próprio negócio idealizado por si ligado à área do turismo, que já era um sonho antigo. “Já está na altura de pensarmos em viver o nosso futuro com mais calma”, diz já a pensar na reforma.Nos primeiros seis meses de actividade Jaqueline diz que não se pode queixar e que “ultrapassou todas as expectativas”. Os clientes vêm principalmente ao fins-de-semana e de todas as zonas do país, mas “percebe-se que as pessoas têm menos dinheiro para gastar, preferem vir no sábado de manhã para não ter que pagar a noite de sexta para sábado e esse dinheiro serve para almoçar por exemplo”, refere.A empresária acrescenta que não há falta de actividades em Vila Nova da Barquinha que tragam pessoas, são é mal divulgadas. Jacqueline Henriques confessa que está “um pouco dividida” entre as duas terras. Continua a residir em Alcanena, mas quando tem clientes fica na Barquinha.A Sonetos Do Tejo oferece aos seus hóspedes seis quartos com decoração personalizada, conferindo à casa um misto de rústico e moderno. Trata-se de uma casa de habitação com mais de 100 anos que, após a sua recuperação na qual foi mantida a traça tipicamente ribatejana, oferece todo o esplendor de uma casa de campo.