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Algures entre Cadafais e Carnota de Baixo

Ninguém é santo na sua própria terra. O ditado é antigo e usado por muita gente nas mais diversas circunstâncias desde o mais bem sucedido dos empresários até ao mais frustrado dos intelectuais. Tomo nota deste ditado numa conversa com o artista plástico Jorge Alexandre, num dos seus locais de trabalho, no meio de nenhures que é para mim um lugar situado entre Cadafais e Carnota de Baixo, no concelho de Arruda dos Vinhos.Gosto do trabalho artístico de Jorge Alexandre. Como sei que ele não se acomoda aos rendimentos das telas pintadas, para mim ele não é só o filho do homem do talho; é também o pintor e escultor que dá aulas sobre a sua arte e valoriza o seu saber e a sua experiência fazendo e promovendo exposições.Saio do bairro para a cidade depois da visita combinada e dou por mim a agachar-me na rua para colocar nos buracos da rua as pedras da calçada que rebolam à frente dos meus pés e constituem um perigo para quem conduz um carro e para quem caminha nos passeios. Estou em Lisboa mas à porta do jornal, em Santarém, em menos de dois anos a calçada também cedeu. Já não há calceteiros como antigamente ou são os empresários que mandam trabalhar depressa e poupar nos materiais para justificarem os orçamentos abaixo do preço de custo da obra?A “obra” da bruxa de Arruda dos Vinhos é mais conhecida na terra que as obras literárias de Irene Lisboa. A autora de “Uma mão cheia de nada outra de coisa nenhuma” tem estátua no centro da vila mas as lendas da bruxa mais famosa de Portugal é que são recordadas nas conversas de circunstância e de tertúlia. Posso estar a exagerar mas ninguém me rouba esta convicção depois de, já por três vezes, me ter “cruzado” com a bruxa em conversas de amigos e nunca com a Irene Lisboa, a escritora dos apontamentos e dos versos magoados, que usou vários pseudónimos ao longo da sua vida literária e, como escritora e pedagoga, foi considerada sempre uma pessoa “incómoda pelas suas ideias avançadas”.JAE

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