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“Uma das vantagens de ter ido para a câmara foi poder ir almoçar a casa todos os dias”

“Uma das vantagens de ter ido para a câmara foi poder ir almoçar a casa todos os dias”

Paulo Caetano, vice-presidente da Câmara Municipal de Almeirim

Paulo Caetano é vice-presidente da Câmara de Almeirim há dois anos. Nunca tinha tido nenhuma experiência na política e diz que quando sentir que está a mais volta para o seu emprego como gerente bancário. Queria ser jogador profissional de futebol mas nunca passou dos distritais. Tem duas filhas e confessa que a família tem sido prejudicada desde que assumiu funções como autarca.

Quando era miúdo queria ser jogador de futebol profissional. Depois fui-me adaptando àquilo que a realidade nos mostra e percebi que era muito difícil vingar no desporto. Ainda joguei futebol mas em escalões inferiores no União e na Académica de Santarém, mais tarde em sénior joguei no Fazendense e no Abitureiras mas nada a nível profissional. Entre os 20 e os 23 anos trabalhei num escritório de contabilidade. Acabei por mudar para a banca porque aquele mundo sempre me fascinou. Comecei na Caixa Agrícola de Benfica do Ribatejo na delegação das Fazendas de Almeirim. A partir de 1992 fui para o Millennium BCP onde assumi funções de gerência. Agora estou como vereador mas sei que se me cansar da política ou sentir que estou a mais, tenho um emprego e volto imediatamente para lá. Sinto-me completamente livre. Uma das vantagens de ter ido para a câmara foi poder ir almoçar a casa quase todos os dias. Pode parecer uma insignificância mas era uma coisa que eu não pude fazer durante vinte anos. Quando chego à câmara, por volta das oito e meia começo logo a trabalhar e há sempre muita coisa para fazer. A tarde normalmente é preenchida com reuniões. Não tenho hora para sair mas nos últimos tempos tenho-me obrigado a praticar algum desporto. Pelo menos três vezes por semana faço uma caminhada. Gosto de jogar futebol e sou avançado mas já falhei muitos golos de baliza aberta. Faço parte da equipa de futebol da câmara mas falto muito aos treinos. Mesmo assim faço um esforço para participar porque acho importante. É uma boa forma de melhorar o relacionamento entre os funcionários e os vereadores. O pior para um banco é perder a confiança dos clientes. Na minha opinião esta crise da banca deve-se ao facto de os bancos não terem aprendido com a crise de 2007/2008. O lançamento de vários produtos para além daqueles que são os produtos tradicionais levaram a que as agências criassem objectivos que eram impensáveis. Acabaram por criar uma má imagem. Sempre gostei de fazer algo pelo concelho mas nunca me passou pela cabeça ser autarca e muito menos vice-presidente da câmara. Fui convidado pelo Pedro Ribeiro cerca de um ano antes das eleições. Já nos conhecíamos e tínhamos trabalhado juntos na direcção dos bombeiros de Almeirim. Demorei algum tempo a aceitar mas disse-lhe que sim porque tinha o dever de ajudar. Contrariamente ao que passa para o exterior temos funcionários extraordinários. São pessoas muito dedicadas e de uma entrega total que estão sempre disponíveis a qualquer hora e que trabalham muitas mais horas para além daquilo que é o horário normal. Posso dizer mesmo que a equipa do desporto é a melhor equipa do mundo. Quem a integra vê a câmara algo seu. Ouvia muitas vezes os políticos dizerem que prejudicavam as famílias com a sua dedicação aos cargos mas agora sou obrigado a dizer o mesmo. Confesso que não sei estar nestas funções de autarca sem me entregar totalmente. Por vezes perguntam-me porque vou assistir a jogos dos infantis que não contam para nada. Depois chego à conclusão que é uma forma de apoiar os atletas e também os dirigentes dos clubes que também têm uma grande dedicação. Eles perdem mais noites e fins-de-semana do que eu. Tenho duas filhas com 21 e 16 anos. A mais velha está a tirar medicina em Barcelona e passa longos períodos longe de nós. A mais nova já vai tendo bastantes actividades que obrigam a que não esteja em casa aos fins-de-semana. A minha mulher é que sente mais esta situação. Quem pensa que sabe tudo é porque não sabe nada. Quando cheguei à câmara tive que aprender tudo. Os primeiros dias foram complicados e de algum nervosismo. Mas sempre tive muita vontade e disponibilidade para aprender e acabou por correr tudo bem. Mas confesso que me senti um pouco perdido. Como se estivesse a chegar a um emprego pela primeira vez. Não tinha qualquer experiência autárquica nem política. A política autárquica tem pouco que ver com a política a nível nacional. Eu gosto muito daquilo que estou a fazer a nível local mas não me consigo imaginar num cargo nacional. Tenho alguma dificuldade em perceber as movimentações que fazem quase todos os dias e sempre que há ciclos eleitorais. E então aqueles jogos de bastidores são uma coisa muito estranha. Acho que nunca me adaptaria. Hugo Figueiredo
“Uma das vantagens de ter ido para a câmara foi poder ir almoçar a casa todos os dias”

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