uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante

Perspicaz Manuel Serra d’Aire

Não sei se já leste o novo jornal municipal da Câmara de Ourém que o presidente da autarquia, Paulo Fonseca, em boa hora (para ele) criou. Eu, logo que pude, devorei a primeira edição do “Ourém Município” como um adepto de futebol enfarda bifanas e emborca minis antes de entrar no estádio. E, se queres que te diga, valeu a pena! Aliás, tenho dificuldade em apontar o que mais me deliciou: se a entrevista de três páginas, três, com o autarca e director geral da publicação Paulo Fonseca, se as 17 fotografias em que o mesmo aparece, nas mais diversificadas situações.Só tenho um pequeno reparo a fazer, nada de monta, mas que acaba por beliscar tangencialmente o magnífico trabalho jornalístico, fundamental para que a população de Ourém seja (e esteja sempre) informada com a isenção que Paulo Fonseca, e muito bem, advoga e pratica. Porque uma população esclarecida, obviamente, sabe discernir com mais facilidade o que é melhor quando se trata de escolher autarcas. E para Paulo Fonseca não há dúvidas de que o melhor é ele próprio.Mas rebobinando: a única mácula que aponto nessa reveladora e reconfortante entrevista prende-se com o facto de Paulo Fonseca, provavelmente devido à sua reconhecida e proverbial modéstia, não ter falado um pouco que fosse sobre a sua aptidão para o empreendedorismo e sobre a sua relação com a justiça, que dizem ser bastante próxima. Traçaria um retrato mais abrangente e humano do entrevistado e, certamente, teria muito para nos ensinar. Mas também não se pode ter tudo e nós bem sabemos que o papel está caro e um jornal de 12 páginas não chega nem de perto nem de longe para contar todos os seus feitos. Seja como for, o jornal municipal de Ourém veio reforçar a minha paixão pelos boletins municipais, as únicas publicações informativas que nos projectam para um universo idílico, repleto de obras, projectos e realizações de toda a espécie, onde figuram crianças ridentes, velhotes prazenteiros, munícipes agradecidos e autarcas regozijantes. Ali não há lugar para mulheres mortas pelos maridos, treinadores de futebol broncos, políticos corruptos, crianças com fome ou queixumes da oposição. Os boletins municipais são o paraíso na terra. E eu gosto disso... Pelo que li recentemente, há uma cidade espanhola que quer à força geminar-se com Santarém mas está sempre a levar com os pés. Não sei de onde surgiu essa paixão assolapada de Talavera de La Reina pela velha Scalabis, mas pelos vistos foi amor à primeira vista, já que os espanhóis não largam o osso. As notícias em jornais espanhóis até dão conta de um processo avançado de geminação, para ver se aceleram o casório, mas curiosamente o presidente da Câmara de Santarém diz que não sabe de nada e até ameaça processar os jornais que publicam tais devaneios. Que falta de chá! Não se dá assim com os pés a ninguém e eu voluntario-me desde já para fazer a ponte entre as duas cidades, de preferência com umas estadias pagas em Talavera, onde as tapas, os riojas e as cañas (já para não falar do salero das chicas) são de chorar por mais, segundo me disse visitante assíduo que prefere não ser identificado e que garante nada ter a ver com esta confusa história da geminação.Adiós compadre. Un abrazo do Serafim das Neves

Mais Notícias

    A carregar...