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Gabinetes de Lisboa bloqueiam iniciativas destinadas a resolver problemas do Tejo

Gabinetes de Lisboa bloqueiam iniciativas destinadas a resolver problemas do Tejo

Presidente de Vila Franca de Xira diz que o rio está a voltar à agenda política

O presidente da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Alberto Mesquita, conta que está enredado numa teia da Agência Portuguesa do Ambiente há mais de dois anos só por querer dragar algumas zonas do rio, trabalho que nem sequer lhe compete, à custa do esforço financeiro do município.

O Fórum Ibérico do Tejo, que se realiza a 19 e 20 deste mês em Vila Franca de Xira, é o segundo. Acompanhou os trabalhos do primeiro que se realizou em Santarém, no CNEMA, a 8 de Junho de 2012? Li as conclusões e algumas entrevistas feitas a alguns oradores. Creio que este segundo Fórum Ibérico tem toda a pertinência, na medida em que muitos problemas persistem ou agravaram-se. A qualidade da água, os caudais, o assoreamento, a navegabilidade, são questões que requerem soluções urgentes. Todos temos que fazer o que estiver ao nosso alcance para chamar a atenção dos decisores políticos. De 2012 até agora, os problemas do Tejo agravaram-se significativamente e o ano passado foi um ano particularmente negro em termos de poluição, baixos caudais, danos para a fauna piscícola. Que objectivos se pretendem alcançar com este tipo de iniciativas? Trata-se apenas de continuar a falar sobre o Tejo? Seria muito frustrante continuarmos só a falar dos problemas do Tejo. Este segundo Fórum Ibérico do Tejo acontece numa altura em que parece que o Tejo está na agenda política do actual governo. Temos que manter esta pressão porque há investimentos que têm que ser feitos. Tem que haver um planeamento com objectivos muito concretos e apoiados através de fundos comunitários. Também iremos aproveitar o Fórum Ibérico do Tejo para falar da nossa cultura, do nosso sável, da gastronomia ligada ao rio. Iremos tentar criar a Confraria do Tejo que agregue todos os municípios ribeirinhos. O Tejo é absolutamente imprescindível para esta região. Para a economia, para a agricultura... Este Fórum tem toda a pertinência e julgo que vão ser produzidas conclusões muito importantes e dados contributos valiosos para o planeamento das intervenções que devem ser feitas.O que tem feito a Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, dentro daquilo que são as suas competências e possibilidades, para minorar os problemas do Tejo? Fizemos algumas coisas e podíamos ter feito mais mas não nos deixam. Muitas vezes a câmara municipal, para resolver problemas no rio que tardam em ser resolvidos, disponibiliza-se para fazer e pagar algumas intervenções que não são da sua competência, mas em vez de encontrar facilidades só enfrenta entraves. Pedimos pareceres e licenças a algumas entidades e elas não respondem ou demoram meses a responder. Isso não é querer bem ao Tejo. Isso não é ser parceiro naquilo que é necessário fazer. Pode dar um exemplo? Há mais de dois anos lançámos um processo para fazer uma dragagem da marina aqui de Vila Franca de Xira, junto ao Jardim Constantino e também em Alhandra. O que acontece é que andamos metidos num enredo com a Agência Portuguesa do Ambiente que nos exige tudo e mais alguma coisa, quando apenas queríamos ajudar. Não queremos dinheiro. Estamos disponíveis para pagar, e não é tão pouco como isso, para resolver um problema que nem sequer é da nossa competência e mesmo assim não conseguimos.O que pode ser feito para alterar essa situação? Sobre esta matéria tem que haver uma outra ideia; uma outra atitude; uma outra visão. Uma visão de parceria e de cooperação e não de bloqueio e de criação de dificuldades. O que nós encontramos, infelizmente, junto das entidades que superintendem esta matéria, são só entraves e dificuldades e exigências que nos parecem absurdas, quando seria suposto encontrar disponibilidade e vontade de colaborar. Isso não é ter uma atitude de preservação de um património tão importante como é o Tejo.O que está a bloquear essas entidades? Não sei nem me compete a mim descobrir. Eu respondo pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Acho que tem que haver uma outra atitude. O espírito de missão é ter a capacidade de encontrar soluções, de resolver, de facilitar, de colaborar. Se efectivamente os Ministérios e as Direcções Gerais e Regionais têm pouca gente, não contesto. Agora, a sociedade, a comunidade, as câmaras municipais não podem sofrer com isso.O engenheiro Carmona Rodrigues disse a O MIRANTE, a semana passada, que os problemas do Tejo estão esquecidos porque a administração central não sai dos gabinetes de Lisboa e desconhece a realidade. Partilha essa visão? Partilho mas tenho esperança que aconteçam mudanças em breve. Na vigência deste Governo já tivemos reuniões com o senhor ministro e com o senhor secretário de Estado do Ambiente que ficaram receptivos no sentido de encontrar soluções que permitam uma agilização processual. Conhece o Tejo de Vila Franca de Xira até Lisboa ou já teve oportunidade de ver o rio noutras zonas do seu percurso, nomeadamente em Espanha, por exemplo? Já subi o Tejo desde Vila Franca de Xira até onde é possível navegar e posso dizer que as paisagens são fantásticas. Na última reunião de câmara aprovámos uma prestação de serviços para a produção de três documentários que vão passar na SIC, no programa Vida Selvagem. São trabalhos feitos nesta região e principalmente em Vila Franca de Xira. É muito importante em termos de Turismo. Temos aqui um produto muito diferente que pode atrair visitantes. Secretário de Estado do Ambiente na abertura do II Fórum Ibérico do TejoA Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, em parceria com a Associação Independente para o Desenvolvimento Integrado de Alpiarça (AIDIA) organiza, nos dias 19 e 20 de Março, em Vila Franca de Xira (Pavilhão Multiusos), o II Fórum Ibérico do Tejo com o tema “Economia, Cultura e Ambiente”.O evento contará com a participação de especialistas de Espanha e Portugal ao nível político, económico e académico, que irão expor os temas que preocupam e que é vital resolver para a sustentabilidade do rio. O secretário de Estado do Ambiente, Carlos Manuel Martins, participa na abertura dos trabalhos, no sábado, dia 19, pelas 9h30. O programa completo do Fórum está disponível no site oficial da Câmara de Vila Franca de Xira, onde os interessados em participar se devem inscrever. Ao nível cultural e gastronómico o Fórum procurará dar ainda passos para a concretização de uma Confraria do Tejo. Decorrendo em paralelo com a campanha gastronómica “Março, mês do Sável” (iguaria encontrada no rio nesta altura do ano e divulgada em variados restaurantes do concelho), pretende-se assim que todas as partes interessadas tenham oportunidade de definir um programa para esta nova Confraria.
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