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“Não tiro férias há trinta anos porque sou viciado no que gosto de fazer”

“Não tiro férias há trinta anos porque sou viciado no que gosto de fazer”

José Luís Carvalho, 59 anos, gerente da Ribapor, Arruda dos Vinhos

O fundador da metalúrgica Ribapor, de Arruda dos Vinhos, sabe o que é crescer na vida a pulso. É uma pessoa obstinada com a qualidade e os detalhes, que gosta de aliviar o stress do trabalho passeando no seu Porsche descapotável. Gosta de ler e de ver os noticiários na televisão. O ciclismo é outra das suas paixões.

Comecei a trabalhar como aprendiz numa oficina. Foi em Arruda dos Vinhos em 1970. Depois passei para a metalúrgica Mevil, em Vila Franca de Xira. Foi a minha escola profissional. Marcou-me a nível profissional e pessoal, como aprendiz de torneiro mecânico. Saí de lá em 1984. Sou um dos trabalhadores que ainda hoje espera que sejam pagos os créditos da insolvência. Quando criei a Ribapor tinha 32 anos e andei meses a dormir mal. Foi um período muito difícil. Arranquei sem produção própria na área da metalomecânica mas fomos crescendo. Os nossos clientes foram fiéis e começámos a ter a nossa produção. Estivemos em Alverca e hoje estamos em Arruda dos Vinhos. E estamos também no negócio das mangueiras flexíveis. Também sou gerente de outras duas empresas. A Industejo e a Socidráulica, onde temos clientes como a EDP, Tejo Energia, indústria papeleira, mineira e caminhos de ferro. Emprego 43 pessoas. Trabalho diariamente das sete da manhã às nove da noite. Muitas vezes vou para casa a pensar nos problemas que tenho para resolver. Subi a pulso e passei por muitas dificuldades na vida. Nasci numa aldeia do Sobral de Monte Agraço e trabalhei muito para conseguir estar onde estou. Há trinta anos que não tenho férias. A adrenalina está no corpo e acabo por ser um pouco viciado em trabalho. Sou assim nas coisas que gosto. Tento sempre resolver os desafios e gosto de estar presente na vida da minha empresa. Quero sempre saber o que se passa a todos os níveis para poder ajudar a encontrar soluções. Não tenho medo de vir a perder esse controlo um dia. Não sou saudosista. Em relação ao passado apenas gosto de lembrar as coisas boas. Sou obstinado com a qualidade e os detalhes. Gosto muito do rigor e da exigência. Ainda antes da Ribapor ser uma empresa certificada trabalhávamos com seriedade. Não abdico da honestidade. Não é difícil ser empresário quando temos clientes fiéis e sérios mas os clientes conquistam-se. É difícil arranjar quem saiba trabalhar. Qualquer jovem hoje em dia quer tirar um curso superior e fugir da “ferrugem”. Quer ir para informática ou desenho. É raro encontrar hoje em dia um bom ladrilhador; um bom fresador, um bom torneiro ou um bom soldador. Não há formação de qualidade nessas áreas. Antigamente havia as escolas técnicas, hoje não. Somos nós a formar jovens de 15 e 16 anos que no futuro queiram vir a integrar os nossos quadros. Adoro pegar no meu Porsche 911 descapotável e dar uma volta. É um 3.8 de 400 cavalos. Quando estou cansado pego nele, baixo a capota e dou uma volta. Dá-me um gozo imenso e todo o cansaço desaparece. Comprei-o em 2013 e é um brinquedo para tirar o stress. Gosto de andar rápido mas em segurança. Tive o meu primeiro carro quando já era casado e constituí a Ribapor. Até aí andava de motorizada, numa Famel. Depois comprei uma Vespa 150 sprint. O ano passado mandei restaurar a capelinha da minha aldeia. Paguei as obras do meu bolso e fiquei com uma satisfação imensa. Sou católico não praticante. Costumo ir a Fátima. Sempre que passo por aqueles lados vou ao Santuário. Sinto-me muito bem quando ajudo as outras pessoas. Felizmente temos condições para ter rentabilidade e se vemos que podemos ajudar fazemos isso com todo o gosto, por todo o país. Sou benfiquista mas também simpatizo com o Sporting. Sei que não é normal mas é assim. Quando não há envolvimento do Benfica e joga o Sporting, sou pelo Sporting. Nos tempos livres gosto de ler e de ver os noticiários na televisão. Também gosto muito de caminhar mas não vou ao café da terra porque chego a casa tarde. Em casa não ajudo na cozinha Uma velhice de sonho é uma velhice sem doenças graves. Eu gostaria de envelhecer a trabalhar. Não me vejo longe das minhas empresas. Enquanto puder vai ser assim. No entanto, para não incomodar a família não me importo de ir para uma Casa de Repouso, se vier a precisar.
“Não tiro férias há trinta anos porque sou viciado no que gosto de fazer”

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