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Associação de Benavente forma guitarristas para as estrelas do fado

Associação de Benavente forma guitarristas para as estrelas do fado

Colectividade continua à espera de ter uma sede condigna para poder desenvolver a sua actividade

Há treze anos que foi fundada a ABAF - Associação Benaventense Amigos do Fado, uma colectividade sem fins lucrativos que tem como objectivo promover o fado e o ensino de guitarra portuguesa e viola. Os seus jovens alunos já acompanham figuras como Mariza ou Cuca Roseta.

É a carolice e o amor ao fado que faz com que todas as semanas perto de meia centena de pessoas de Benavente se juntem no cine-teatro da vila para ensaiar e cantar. A Associação Benaventense Amigos do Fado (ABAF) celebra este ano 13 anos de vida.Desenganem-se aqueles que pensam que esta colectividade, apesar de raramente aparecer nos jornais, não tem trabalho feito: é da sua escola, onde se aprende gratuitamente a tocar guitarra portuguesa e viola de fado, que têm saído os guitarristas que hoje acompanham nomes grandes do fado nacional, como Mariza ou Cuca Roseta. Músicos como Bernardo Viana, Pedro Viana ou Ricardo Chita. “As aulas são gratuitas mas reservadas aos sócios, que pagam uma quota mensal de dois euros e meio. O nosso grande objectivo é manter vivo o fado, mostrar às pessoas esta paixão e ser uma porta aberta para todos os que gostam de cantar e tocar fado”, explica Humberto Martins, membro da direcção da ABAF a O MIRANTE.Criado por Vítor Conde e Jorge Martins em 2003, o projecto foi crescendo mas continua a enfrentar problemas de espaço. Há quase oito anos que a Câmara de Benavente prometeu dar os materiais para ajudar a associação a construir a sua sede mas isso nunca aconteceu e o edifício é um esqueleto de betão no centro da vila. Por esse motivo ensaiam todas as terças, entre as 21h00 e a meia-noite, no cine-teatro de Benavente.“A colectividade está saudável mas precisávamos que se resolvesse a questão da sede. O compromisso assumido há vários anos foi que dávamos a mão-de-obra e a câmara os materiais para a construção mas isso nunca aconteceu. Com novas instalações poderíamos fazer mais eventos de fado e concursos, que hoje não podemos fazer em tanta quantidade”, explica João Lourenço, presidente da assembleia-geral da ABAF.Actualmente são professores António Jorge (guitarra portuguesa) e José Lemos (viola). As noites de fado da associação são sempre com fadistas da região, de Lisboa e nomes nacionais. Ricardo Ribeiro, por exemplo, já passou por Benavente numa dessas iniciativas. “Estamos aqui por amor ao fado. Houve uma altura em que o fado quase morreu, éramos apenas alguns carolas. Felizmente hoje o fado tornou-se moda, há muita gente boa a cantar e a tocar e nota-se um genuíno interesse por esta música novamente”, explica João Lourenço.Os dirigentes asseguram que há também muita gente jovem a interessar-se por fado em Benavente, apesar de ainda muita gente não reconhecer - ou conhecer - o trabalho que é desenvolvido pela ABAF. “Vê-se que os pais já começam a gostar que os filhos saibam tocar fado mas ainda há caminho a percorrer. Aqui em Benavente, correndo o risco de ser um pouco injusto, acho que não nos dão o devido valor. Não temos tido a ajuda que devíamos para mostrarmos o que fazemos. Estamos mais bem-vistos a nível nacional e em Lisboa do que aqui”, lamenta Humberto Martins. No final do ano a ABAF vai realizar a sua tradicional ceia fadista e há também o objectivo de realizar um concurso de fados para trazer mais fadistas a Benavente. Tanto Humberto como João garantem que o fado “é uma maneira de estar na vida” e uma forma de aliviar o stress do dia-a-dia, seja tocando ou cantando. “O fado não tem de ser sempre triste, parte muito do fadista e do que ele tem para dizer”, concluem. Em Novembro de 2011, recorde-se, a UNESCO classificou o fado como património imaterial da humanidade.Fado Marialva ainda se ouve pouco na regiãoO fado marialva, corrente tradicional do Ribatejo, ainda se ouve pouco na região, na opinião dos dirigentes da ABAF. “Ouve-se pouco o fado marialva na região. O Ribatejo não está a saber cuidar do fado marialva. Gosto de o ouvir mas não ficar a noite toda a ouvir esse fado, o ideal é fazer uma noite de fados em que esse fado entrasse também. Para mim o fado marialva é muito recto, mantém-se muito o tempo das letras e a forma de sentir as letras é todo igual. Mas sem dúvida que se ouve pouco”, lamenta Humberto Martins. O fado marialva é uma corrente típica do Ribatejo, com letras alusivas à festa brava, ao campo e ao campino.
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