
Festival do Capado é único no país
Em Amiais de Baixo come-se carne de cabrito castrado há muitos anos e desde há dois anos há um evento para reforçar a tradição. Dezenas de voluntários afadigam-se para servir a locais e forasteiros com as diversas receitas à base de carne de caprino.
A tradição de comer carne do capado (cabrito castrado) em Amiais de Baixo vem do início do século passado. Uma tradição reavivada e reforçada com a criação do Festival do Capado, cuja terceira edição decorreu nos dias 29 e 30 de Abril, na Casa do Povo local, graças ao trabalho de dezenas de voluntários. O intuito é promover a carne do capado e a gastronomia associada a essa carne e colocar Amiais de Baixo no roteiro gastronómico do concelho e do país.
O presidente da Junta de Freguesia de Amiais de Baixo, José Augusto dos Santos, conta a O MIRANTE que “o povo de Amiais era muito humilde e tinha que sobreviver daquilo que existia na zona e como a pastorícia estava associada ao gado caprino, desenvolveu-se uma vertente do gado caprino que tem a ver com os cabritos castrados, daí o capado” explica.
Também existe a tradição de servir carne de cabrito capado guisada com um copo de vinho tinto e pão nos casamentos, ao pequeno-almoço. Os amienses são grandes apreciadores da carne do capado. Sendo uma carne de um animal castrado tem que ser confeccionada de uma forma especial. Na cozinha da Casa do Povo, onde decorre o festival, está Ana Isabel que revela que “o segredo está no tratar a carne com muito carinho, conversar com a carne nas calmas, porque é uma carne muito rija e tem de cozer durante várias horas senão parece borracha e não se consegue comer”.
Jorge Simões também está na cozinha. É o especialista na confecção da fressura do capado. “A fressura são as miudezas do cabrito: o fígado, o coração, que são cortados em pedaços muito finos e ficam durante cerca de três horas a apurar o tempero de alho, vinho, piri piri, coentros, noz-moscada e outros ingredientes que são segredo”, explica o cozinheiro de serviço. Durante a confecção adiciona-se vinho branco. A fressura de capado é acompanhada com arroz branco ou batata cozida.
Rogério Silva é de Amiais de Baixo e não falha uma edição do festival. Diz que “a carne de capado é boa de toda a maneira e muito saudável”. Qual aprecia mais? “Não há diferenças”. Já Tiago Simões gosta mais da carne grelhada “porque é saborosa e se for quentinha é excelente”. Qual é a particularidade da carne do capado? “É o sabor em si e ser uma excepção no país e ser tradição aqui na terra”, responde. Gonçalo Simões come só os molhinhos. Não é grande apreciador mas no seu casamento também se serviu carne de capado ao pequeno-almoço.
A organização deste festival é da Junta de Freguesia, Clube Desportivo Amiense, Associação de Pais e do Centro Recreativo e Cultural de Amiais de Baixo. Os possíveis lucros são distribuídos pelos vários organizadores e serão investidos na freguesia. Em 2015 conseguiram cerca de 6000 euros de lucro que serviu para o arranjo do telhado da escola.

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