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O Hugo versátil e os cravos regados a euros

Peitudo Serafim das Neves

O deputado Hugo Costa, que antes de ser deputado era adjunto da presidente da Câmara de Tomar e chefe do PS lá da terra, foi destacado pelo seu partido para mais uma missão de grande exigência técnica. Depois de, aqui há tempos, ter lido sem se engasgar um discurso “flambeado” sobre os benefícios de comer alheiras de Mirandela, o ilustre parlamentar foi encarregue de ler, na comissão de inquérito ao Banif, umas perguntas dirigidas à responsável por algumas auditorias àquele banco e teve um desempenho de cinco estrelas.
Apesar da sua tenra idade e de um corte de cabelo que atrapalha qualquer leitura, Hugo Costa provou que quem insiste em lhe chamar Huguinho às escondidas, numa alusão à sua militância na Jota Ésse, vai ter que engolir o sarcasmo, mais tarde ou mais cedo, com ou sem alheira a acompanhar.
A interrogada, uma tal Ana Salcedas da Ernest&Young, bem tentou desconcentrá-lo mas sem sucesso. O excelso parlamentar manteve-se imperturbável a todas as provocações e mesmo quando ela disse e redisse que não percebia as perguntas, ele nunca parou e cilindrou-a, salvo seja, com todo o arsenal que estava na listinha que lhe tinham metido no bolso. Pelo que li nos jornais de Lisboa, foi arrasador e não houve cão nem gato que não comentasse a façanha.
Eu acredito que Hugo Costa vai, no mínimo, a secretário de Estado, quiçá a ministro de qualquer coisa. A escolinha das Jotas ensina muita coisa, a começar pelas boas práticas de alpinismo político. Já agora, convém lembrar, que o promissor deputado fez tirocínio na Assembleia da República ainda antes dos trinta anos, trabalhando afanosamente como assessor do Grupo Parlamentar do PS que, como se depreende pela escolha, não tinha ninguém mais experiente e conhecedor dos problemas que à época, atazanavam o povo e o partido.
No Entroncamento, um dos assuntos mais discutidos da última assembleia municipal, foi uma moção a desancar na justiça angolana, por causa da condenação de uns cidadãos que andavam a ler livros perigosos, não para a sua saúde, mas para o regime.
O assunto, como sabes, também foi discutido e aprovado na Assembleia da República mas eu acho muito bem esta repetição a nível local. E também concordo que a Assembleia do Valhelhas Futebol Clube marque uma reunião para debater o tema. Já agora, espero que não se esqueçam de mandar as veementes condenações para o presidente de Angola. Mas não mandem por e-mail que pode ir parar à pasta “Spam”. Mandem em correio registado e com aviso de recepção. Vá lá, não custa nada!
Por falar em assembleias, informo-te que os eleitos das assembleias municipais de Tomar, Alpiarça, Abrantes e Salvaterra de Magos foram os mais entusiásticos a celebrar o 25 de Abril. A explicação é simples. Só naqueles abençoados concelhos é que foram pagas senhas de presença aos eleitos. No primeiro caso foram 68,67 euros por cabeça e no segundo, 61,04 euros.
Eu acho que estes estímulos à defesa da democracia e liberdade até deviam ser apoiados por fundos comunitários. E o pagamento devia ser alargado a todos os cidadãos que participassem na festa.
Eu digo-te já que não faltava. Em vez de um cravo até levava dois ou três e não haveria ninguém que desse vivas à liberdade com mais vigor que eu. Nessas coisas sou como a Catarina Martins do BE que diz que o trabalho voluntário é uma treta. Tem toda a razão, senhora deputada. Tem toda a razão. Ir voluntariamente ouvir os discursos dos cidadãos e das “cidadoas” sobre a revolução é mesmo uma grande treta.
Saudações voluntárias... mas sem tretas
Manuel Serra d’Aire

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