A Câmara de Almeirim aprovou na segunda-feira, 2 de Maio, por unanimidade, mandar elaborar um projecto para construir um crematório no cemitério da cidade, preparando-se para ser o primeiro concelho do distrito de Santarém a ter um equipamento destes. Com esta decisão, Almeirim pretende antecipar-se a Santarém e Entroncamento e tem como grande vantagem em relação a essas duas cidades optar por um equipamento construído com dinheiros públicos. A ideia de construção do crematório é da Junta de Freguesia de Almeirim, que gere o cemitério, e o presidente da câmara já garantiu que está disponível para avançar com os cerca de 400 mil euros necessários para a obra.
Pedro Ribeiro explicou na reunião do executivo que logo após a elaboração do projecto vai avançar o concurso para a construção, indicando que a localização mais provável é na zona ajardinada, onde se situa a capela, à entrada do cemitério, do lado direito. O autarca avançou também que será feito um protocolo com a junta de freguesia para a exploração partilhada do crematório.
“A gestão operacional será sempre da junta e, relativamente aos proveitos da exploração, no início a câmara deverá receber cerca de 90 por cento dos lucros com vista a pagar o investimento. Após o equipamento estar pago os proveitos serão repartidos em partes iguais por cada autarquia”, salientou Pedro Ribeiro.
O vereador da Coligação Amar a Terra (PSD/CDS-PP/MPT) considerou que este é um projecto que se paga em 10 anos e que se Almeirim se adiantar e for o primeiro na região terá vantagens. Manuel Sebastião considerou que a cidade está bem colocada neste desafio até porque “as coisas em Santarém também andam muito devagar”. A vereadora da CDU, Sónia Colaço, apesar de concordar com o projecto, questionou a localização, por o cemitério se situar no centro da cidade, mas o presidente explicou que os crematórios só podem ser feitos em cemitérios.

Santarém garante que não desiste
Entretanto, o presidente da Câmara de Santarém garante que não vai desistir da construção do crematório no cemitério da cidade, conforme garantiu na assembleia municipal de sexta-feira, 29 de Abril, poucas horas após a intenção de Almeirim ter sido revelada por O MIRANTE no Diário Online.
Ricardo Gonçalves (PSD) admitiu que fica sempre “preocupado” quando vê outros municípios aproveitarem oportunidades que Santarém desperdiça. E afirmou que o assunto irá ser levado novamente a reunião de câmara, onde foi chumbado pela oposição PS e CDU em Dezembro último, sobretudo devido à localização prevista para o crematório, junto ao cemitério dos Capuchos e a uma das encostas que marginam a cidade.
O assunto foi levantado, na Assembleia Municipal de Santarém, pelo presidente da Junta de Freguesia da Moçarria, o independente Marcelo Morgado, que lamentou que as questões partidárias possam colocar em risco esse projecto no concelho.
Na resposta, Ricardo Gonçalves apontou responsabilidades à oposição e revelou que o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) já validou a localização prevista, mas que mesmo assim será feita uma nova sondagem para garantir que a instalação do crematório não interfere com a estabilidade das encostas.
O eleito da CDU, José Luís Cabrita, defendeu a posição da sua força política na Câmara de Santarém, dizendo que “a CDU nunca votará a localização do crematório junto às barreiras enquanto não houver garantias que passados alguns anos o crematório não está no Tejo”. E alegou que os pareceres que a câmara apresentou não davam essas garantias. “Por isso, se alguém fez mal o trabalho foi a Câmara de Santarém”, alegou.
Santarém conta ainda com a concorrência do Entroncamento, embora neste caso o processo não esteja também a correr de forma desenvolta. O concurso internacional para construção e exploração de crematório foi lançado mas não apareceram concorrentes. Desde o ano passado que não há notícias sobre o andamento do processo.