Movimento de cidadãos e câmara querem salvar Teatro Rosa Damasceno
Sessão pública marcada para domingo em Santarém vai preparar ocupação pacífica do imóvel em ruínas. Um grupo informal traz novamente para discussão pública o futuro de um espaço que foi emblemático na cidade. Presidente da Câmara de Santarém revelou na assembleia municipal que há contactos com o proprietário para eventual permuta de imóveis que permita passar o edifício para a posse da autarquia.
Salvar o Teatro Rosa Damasceno, imóvel histórico de Santarém propriedade de uma empresa e actualmente em ruínas, é o mote de um grupo que está a preparar a ocupação pacífica do espaço nos dias 17, 18 e 19 de Junho. Antes disso, já no domingo, 8 de Maio, vai realizar-se uma sessão pública de debate, pelas 16h00, no auditório do Museu Distrital de Santarém, intitulada “Que fazer com esta ruína?”.
Uma sessão que, segundo divulga José Raimundo Noras, um dos organizadores, tem previstas as presenças de um bisneto do arquitecto Amílcar Pinto (autor do imóvel), do arquitecto Rodrigo Pessoa da Costa, do fotógrafo e autor Gastão Brito e Silva, da urbanista Diana Silva, do jornalista Renato Teixeira, do arquitecto Tiago Soares, do programador/encenador Pedro Barreiro e da professora Margarida Gabriel, entre outros. O encontro é organizado por um grupo de cidadãos.
Na sessão da Assembleia Municipal de Santarém de sexta-feira, 29 de Abril, o presidente da câmara, Ricardo Gonçalves (PSD), revelou que tem havido contactos com o grupo Enfis, proprietário do espaço, no sentido de uma eventual permuta daquele edifício por imóveis do município. O autarca não sabe se as negociações chegarão a bom termo e se haverá, posteriormente, fundos comunitários que permitam a recuperação do imóvel, mas sublinhou que gostaria de passar para a posse municipal quer o teatro quer os terrenos que se encontram em frente. “São coisas que estão em cima da mesa. Nem o Rosa Damasceno nem o terreno nos pertencem, mas temos milhões de euros em património e gostaríamos de fazer essa permuta”, reforçou, em resposta a uma questão colocada pelo eleito Luís Batista (PS).
O teatro, situado no centro histórico de Santarém, próximo da Torres das Cabaças e da igreja de São João do Alporão, foi durante muitos anos pertença do Club de Santarém, que em 2004 o vendeu ao grupo Enfis, que pretendia remodelá-lo, adaptando-o para outros fins, nomeadamente para comércio e serviços, incluindo uma zona de restauração.
O negócio foi alvo de contestação por parte da Câmara de Santarém e de outras entidades e cidadãos, desagradados com a possível mudança de finalidade do histórico imóvel. Em 2007, um incêndio consumiu o interior do edifício, acentuando os sinais de degradação que já eram visíveis.
O Teatro Rosa Damasceno, classificado como imóvel de interesse público em 2002, foi projectado originalmente pelo arquitecto José Luís Monteiro “para servir de teatro”, tendo sido inaugurado em 1876. Alvo de profunda remodelação em 1937, da autoria do arquitecto Amílcar Pinto, o edifício ficou marcado pela mistura de vários estilos e movimentos do início do século XX, tendo deixado de receber espectáculos na década de 1990.