Passagem superior em Alhandra é ignorada por muitos e atropelamentos vão acontecendo
Abril duas pessoas foram atropeladas na mesma zona da Estrada Nacional 10, perto de um viaduto pedonal sobre as faixas de rodagem. Caso veio relançar discussão sobre a segurança de vários troços dessa movimentada via.
Pressa, preguiça e facilitismo. Estes são três motivos apontados por cidadãos para justificar que, na hora de atravessar a Estrada Nacional 10 (EN10) em Alhandra, acabem por não utilizar a passagem superior pedonal ali existente. A zona é muito concorrida sobretudo por estudantes, que saem da estação de comboios e se dirigem para a zona das bombas de combustível Alves Bandeira para ali apanharem os autocarros. A falta de visibilidade do local, associada por vezes às velocidades mais elevadas dos condutores, têm contribuído para os acidentes.
Atravessar a movimentada EN10 fora da passagem superior pedonal é perigoso e os acidentes vão acontecendo. O mais recente aconteceu a 12 de Abril, quando se verificaram dois atropelamentos num só dia, separados por pouco mais de 500 metros. Pouco depois das 7h30, uma jovem de 15 anos foi atropelada por um automóvel perto das bombas de combustível quando atravessava a estrada. À tarde, perto das 15h30, uma mulher de 72 anos foi também atropelada junto ao bairro da Cimpor. Esteve em estado crítico e em estabilização no local durante cerca de uma hora. Acabou por ser internada no Hospital de São José, em Lisboa.
“A maioria das vezes é mais rápido atravessar fora da passagem superior do que ter de dar toda aquela volta. Sei que é perigoso mas como andamos sempre a correr acabamos por arriscar”, confessa Andreia Santos, estudante, que não usou a passagem para atravessar. “Os jovens acreditam que o perigo nunca lhes toca, sabemos que é errado mas mesmo assim arriscamos”, conta.
Também os adultos facilitam. Alberto, 68 anos, diz que “as pernas já não aguentam” subir a passagem. Isto apesar de ter uma rampa larga e pouco inclinada para quem tem mobilidade reduzida. “A passagem superior aqui não serve, isto devia era ter uma passadeira com semáforos”, defende. Reconhece que é “perigoso” atravessar a estrada fora da passagem superior e que, apesar de já ter apanhado “uma quantidade medonha de sustos” continua a fazê-lo.
Um caso semelhante a este passava-se em Povos, Vila Franca de Xira, onde os atropelamentos eram frequentes. A colocação, no último Verão, de uma rede no separador central acabou com os acidentes. Mas a solução não gera consenso até hoje. Mário Cantiga (CDU), presidente da Junta de Freguesia de Alhandra, não concorda com essa solução naquele troço da EN10 em Alhandra e defende uma maior sensibilização da comunidade para os riscos. “Isso passaria também pela PSP fazer mais acções ali para alertar para o problema”, defende.
A Câmara de Vila Franca de Xira justifica ainda não poder apresentar dados relativos aos atropelamentos no concelho por ainda não ter, da parte da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), os dados estatísticos relativos a 2015 na EN10. Mas diz estar atenta ao que se passa nas vias que atravessam o concelho.
E embora o local referido em Alhandra não seja considerado um “ponto negro” pela ANSR, o município já levou a efeito um estudo prévio de requalificação da zona, nomeadamente no que se refere à circulação pedonal, que irá remeter à análise da Infraestruturas de Portugal, a entidade responsável para emitir um parecer e autorização”, explica o município.