uma parceria com o Jornal Expresso

Edição Diária >

Edição Semanal >

Assine O Mirante e receba o jornal em casa
31 anos do jornal o Mirante
“Há cada vez menos pessoas interessadas pelas artes”

“Há cada vez menos pessoas interessadas pelas artes”

Américo Silva é presidente da Associação dos Artistas Plásticos de Vila Franca de Xira. Américo Silva é um apaixonado pelo rio Tejo, onde brincava quando era mais novo e chegou a ter um barco. Fundou a Associação dos Artistas Plásticos do Concelho de Vila Franca de Xira há cerca de 30 anos. Lamenta que os jovens hoje estejam cada vez menos interessados nas artes. As suas grandes paixões são o desenho e a gravura. É um optimista por natureza e diz que nunca recusa dar dinheiro a quem lho pede.

Tenho pena que as pessoas, sobretudo os mais jovens, não se interessem pelas artes. Tivemos um governo que durante sete anos não mexeu uma linha para dinamizar a cultura. Fundei a Associação dos Artistas Plásticos do Concelho de Vila Franca de Xira há mais de 30 anos. Hoje temos connosco cerca de duas dezenas de pessoas, entre professores de belas artes, pintores, gente ligada à gravura, escultura e desenho. Quase todos professores ou gente ligada à área das artes.
Faço desenho e gravura, são as minhas paixões. Na gravura recebi as primeiras noções por uma colega que foi bolseira da Gulbenkian. Mas acabei por fazer um curso na extinta Cooperativa dos Gravadores de Lisboa. Sempre gostei da gravura.
Tira-me do sério a forma como as pessoas se desligam das coisas importantes. Não apoiar os artistas é muito mau. Estas novas gerações não têm nenhuma formação cultural e falta-lhes sentido crítico. A arte é para mim muito importante.
O meu pai trabalhava nos caminhos de ferro e andei com ele por muitos sítios do país. Nasci em Vila Franca de Xira e foi lá que casei. Comecei a trabalhar quando acabei o curso, fui desenhador na construção civil. Estive ligado a muitas obras públicas, como a construção do hospital de Santa Maria. Hoje vivo em Lisboa mas sempre que posso vou à minha cidade. Estou ainda muito ligado à associação.
Em Vila Franca de Xira trabalhei na gestão das galerias municipais. Na Fundação Calouste Gulbenkian estive ligado à parte de exposições e museus. Tive oportunidade de viajar muito e conhecer outros países. Entretanto abri o meu próprio ateliê de artes gráficas. Ainda hoje vou ao ateliê fazer coisas de que gosto mas sobretudo trabalho no movimento associativo. Faço isso com prazer e não tenho ministros a mandar em mim.
A ex-presidente Maria da Luz Rosinha foi muito importante para o concelho. Ela não só prosseguiu a política cultural do Daniel Branco como a ampliou imensamente. Hoje em dia as coisas estão mais moles, o Alberto Mesquita é boa pessoa mas não é igual e os tempos são outros. Mas as coisas a nível cultural no concelho até vão estando bem. Vila Franca de Xira sempre foi uma terra muito ligada à cultura. Mas faltam meios, o Estado também não ajuda e a secretaria de estado e o ministério da cultura não funcionam.
Dou sempre dinheiro a quem me pede porque nunca consigo dizer que não. Sou um optimista por natureza e acredito que as coisas vão melhorar. Mas lamento que tenham corrido mal. A minha geração passou a vida a lutar contra regimes. Tenho medo das pessoas que passam a vida a fazer asneiras e a dar cabo da vida dos outros.
Quando quero dormir é só ligar a televisão. Os tempos livres ocupo-os a tratar de problemas associativos. Claro que também gosto de comer e de me sentar descontraído no sofá.
Estive na Babilónia (Iraque) e um ano depois estive em Brasília (Brasil). Isso para mim foi importante. Estive na mais velha e na mais nova cidade do Mundo. São ambas muito bonitas. Gostava de viajar mais, claro, ainda não conheço África. Também gostava de viajar pelo oriente, na sua parte mais civilizada.
Gosto muito do rio Tejo onde brinquei quando era criança. Cheguei a ter um barco, onde andava com frequência. Passei momentos muito bons na minha terra, Vila Franca de Xira.

“Há cada vez menos pessoas interessadas pelas artes”

Mais Notícias

    A carregar...