Durante 28 anos a continuidade da dinastia Salgueiro, a mais antiga do toureio em Portugal, esteve assegurada por João Salgueiro, que agora tem continuidade com o filho, a quem passou a responsabilidade. João Salgueiro da Costa fez a alternativa de cavaleiro profissional no domingo, 29 de Maio. A mesma praça onde o pai também fez a alternativa, em Almeirim, precisamente no mesmo dia e mês mas do ano de 1988. Salgueiro da Costa tem agora a incumbência de prosseguir a tradição de uma família cujas tradições taurinas remontam ao século XVII, através de D. João da Costa, fidalgo que alanceou toiros no Terreiro do Paço (Lisboa), nas festas do casamento de D. Catarina de Bragança com Carlos II de Inglaterra.
Salgueiro da Costa entrou na praça ladeado pelo pai e pelo primo em segundo grau, António Salgueiro Aleixo (que não toureou). No fim da lide de alternativa, o jovem cavaleiro de 27 anos referiu que este dia “tem um significado muito grande” e que escolheu a praça de Almeirim por ter sido onde o pai tirou alternativa e por ser “na terra onde a família tem raízes e parte dela vive e onde somos muito acarinhados”. Salgueiro da Costa sublinhou a responsabilidade de assegurar a manutenção da família na tauromaquia, realçando que esta “é uma profissão de muito sacrifício” mas assegurou que vai “continuar a trabalhar para dignificar a dinastia”.
Com a alternativa, o novo cavaleiro profissional diz que tem o objectivo de ser uma figura do toureio e conta com o apoio do pai, que apesar de não deixar de ser toureiro tem estado mais retirado da arte. João Salgueiro, toureiro há três décadas, no ano passado não fez corridas e este ano só actuou no Campo Pequeno e agora na alternativa do filho. “Pontualmente posso tourear mas já são muitos anos e apesar de estar nas minhas plenas faculdades vou ficar mais afastado”, referiu a O MIRANTE. O cavaleiro, de 48 anos, disse esperar que o filho “consiga ultrapassar todos os obstáculos e que consiga ser uma figura do toureio”.
Salgueiro da Costa fez o debute como Amador a 17 de Maio de 2007 no Campo Pequeno (Lisboa) e a prova de cavaleiro praticante a 23 de Julho, do mesmo ano, em Alcochete. Conquistou o Galardão Campo Pequeno - Melhor Cavaleiro Praticante em 2010, 2011 e 2012. Os toureiros da família abraçaram o profissionalismo no Século XX, através do bisavô Fernando, médico veterinário, um dos cavaleiros mais importantes das décadas de 30 a 50, passando o testemunho a seu filho, Fernando Andrade Salgueiro, que toureou nas décadas de 60 e 70 em Portugal e Espanha.