BE quer redução da produção da Celtejo para defesa do Tejo
Deputados do Bloco apresentaram projecto de resolução na Assembleia da República
O Bloco de Esquerda (BE) quer que o Governo determine a “imediata redução da produção da empresa Celtejo”, de Vila Velha de Rodão, “para defesa da qualidade da água do rio Tejo”, através de um Projecto de Resolução apresentado no final da semana passada na Assembleia da República.
No documento, o Grupo Parlamentar do BE propõe que a Assembleia da República recomende ao Governo que, “em defesa da qualidade da água do rio Tejo, determine a imediata redução da produção da empresa Celtejo para um nível que não exceda a sua actual capacidade de processamento dos efluentes”, numa medida que, defendem, visa “o controlo da poluição do rio Tejo provocada pela Celtejo”, de Vila Velha de Ródão, no distrito de Castelo Branco.
Os deputados Pedro Soares e Carlos Matias, que assinam o documento, lembram que o Governo, em 2015, através do Ministério do Ambiente, “identificou os efluentes da empresa Celtejo, em Vila Velha de Ródão, como um preocupante foco de poluição do rio Tejo” e que, “de então para cá, os sucessivos alertas, a confirmação pública das suspeitas sobre as fontes poluidoras e a persistência de fortes descargas colocaram definitivamente o problema na agenda política”.
O problema, segundo o BE, “é que nem a atenção que suscitou na comunicação social, nem a indignação de populações, nem sequer o acompanhamento dos órgãos de poder a diversos níveis, obstaram à continuidade dos derrames poluidores, a partir do emissário da Celtejo, colocado no meio do rio, em frente a Vila Velha de Ródão”, tendo destacado que, “frequentemente, de Ródão à Barquinha, passando por Mação, e de Abrantes a Santarém, a água do rio Tejo apresenta-se escura, acastanhada, com enormes manchas de espuma branca a flutuar sobre o leito” e que “a jusante de Vila Velha de Ródão quase desapareceu a fauna piscícola”.
Os deputados lembram que “o problema é reconhecido pelo recente Relatório da Comissão de Acompanhamento sobre a Poluição do rio Tejo” e que o mesmo “propunha uma redução do caudal e da carga orgânica poluente nos efluentes sectoriais e no efluente rejeitado no meio hídrico pela Celtejo, por recurso à ampliação ou substituição da actual ETAR”.
Segundo o BE, “prevê-se que a implementação desta medida esteja concluída em 2017”, solução considerada “inaceitável”, uma vez que “tal significará que, até ao final de 2017, mantendo-se os atuais volumes da produção da Celtejo e também a reconhecida insuficiência da sua capacidade de processamento dos efluentes gerados, continuarão a verificar-se descargas poluidoras no rio Tejo”.