Deputados alertam Governo para problemas de poluição no rio Nabão
Mau funcionamento da ETAR de Seiça, no concelho de Ourém, é apontada como uma das causas
Depois dos parlamentares do PSD e da CDU, também os deputados do PS eleitos pelo distrito de Santarém questionaram o Governo sobre os “focos de poluição” que têm surgido no rio Nabão, em Tomar, nomeadamente sobre se foram identificados os responsáveis e que medidas vão ser tomadas. Numa pergunta entregue no Parlamento, os deputados Hugo Costa, António Gameiro e Idália Serrão questionam o Ministério do Ambiente sobre se tem conhecimento da situação detectada no rio.
Os deputados lembram que o rio Nabão nasce no concelho de Ansião, no distrito de Leiria, e desagua no rio Zêzere no concelho de Tomar, estando “intrinsecamente ligado” a esta cidade. “Nos últimos tempos têm sido visíveis vários focos de poluição no rio. Esta situação merece a preocupação da população de Tomar e dos seus autarcas, sendo uma causa transversal à sociedade tomarense”, escrevem, frisando que o Nabão “é parte integrante do cartão turístico de Tomar”.
A poluição no rio Nabão foi já alvo de perguntas ao Governo entregues em Dezembro pelos deputados eleitos pelo PSD e pelo deputado eleito pela CDU no distrito. Na sua pergunta, os deputados social-democratas Duarte Marques, Nuno Serra e Teresa Leal Coelho consideram a situação “um verdadeiro atentado que está a colocar em causa toda uma região”, questionando o Ministério do Ambiente sobre que informação possui sobre a qualidade ambiental do Nabão no concelho de Tomar, se conhece “as principais razões e origem da poluição” e que iniciativas está ou irá desenvolver para combater os problemas ambientais no rio.
Já o deputado comunista eleito por Santarém, António Filipe, questionou o Governo sobre os problemas que estão a ser provocados na freguesia da Sabacheira (Tomar) pelas águas residuais despejadas pela estação de tratamento de Seiça (Ourém), com impacto no Nabão. No seu requerimento, o deputado do PCP perguntava ao Ministério do Ambiente “se tem conhecimento dos danos ambientais provocados pelas descargas da ETAR de Seiça no rio Nabão, e que medidas tenciona tomar para que seja corrigida a situação existente, de modo a salvaguardar a qualidade de vida das populações afectadas”.
Tomar recusa gastar dinheiro na ETAR de Seiça
A presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas (PS), afirmou durante a reunião do executivo de dia 2 de Janeiro que o município não irá suportar qualquer investimento na ETAR (Estação de Tratamento de Águas Residuais) de Seiça. “Não compete ao município de Tomar gastar um tostão naquela ETAR, pelo menos nesta fase”, afirmou Anabela Freitas.
Anabela Freitas admitiu, no entanto, alterar a posição da autarquia caso sejam cumpridas as contrapartidas acordadas aquando da construção daquela ETAR, propriedade da Câmara de Ourém, que se encontra implantada no concelho de Tomar. Entre as contrapartidas, disse, encontra-se a ligação de toda a freguesia tomarense de Sabacheira à rede de saneamento básico.
Em reunião camarária anterior, Anabela Freitas havia declarado que a poluição que atingiu o rio Nabão em Novembro e Dezembro deveu-se ao mau funcionamento da ETAR de Seiça e também a outras descargas que estão a ser investigadas. “Quando foi construída não tinha capacidade de tratamento para todos os afluentes que vão para lá. As autoridades estão também a investigar outras descargas que têm existido, embora não possa adiantar muito mais”, disse a autarca.
Em reunião de Câmara de Ourém realizada em Dezembro, e questionado sobre o mesmo assunto, o presidente desse município, Paulo Fonseca (PS), assumiu que houve uma avaria na ETAR de Seiça e que só falaria posteriormente no assunto quando lhe chegasse um relatório que aguardava.